terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Refrigerante Guaranita Cibal


A história do refrigerante Guaranita, 

de Passa Quatro 

O italiano Mauro Saullo chegou ao Brasil em 1930, um ano após a quebra da Bolsa de Nova Iorque, que iniciou a crise econômica de escala mundial, esmagando todas as economias com alguma participação nos mercados internacionais, caso do Brasil e suas exportações de café. Persistência e determinação fizeram o jovem, na época com 15 anos, seguir firme com o seu plano de empreender em nossas terras.

 Em 1962, aos 47 anos, Mauro Saullo comprou a Cibal (Comércio Indústria de Bebidas Ltda.), que, possui, aproximadamente 6 décadas com a atual família administradora e que produz duas tradicionais bebidas regionais: o refrigerante Guaranita e a água mineral Sul de Minas. A empresa existe desde 1939. Antes de adquirir o grande negócio de sua vida, em sociedade com sua mulher, Dulce Pereira Saullo, o imigrante italiano tinha uma loja de materiais diversos. Ele morreu em 1984, aos 69 anos. Ela, em 2015, aos 102 anos.

 A Cibal é associada da Afrebras (Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil). Localizada em Passa Quatro, no Sul de Minas Gerais e a cerca de 440 quilômetros de Belo Horizonte, a indústria hoje é dirigida e administrada por três dos seis filhos do casal: Rafael Antônio Saullo, de 74 anos, Mauro José e Elidia Maria Saullo. O negócio, no entanto, já está na terceira geração da família, já que quatro netos do imigrante italiano e da mulher dele também se tornaram sócios da empresa. São os dois filhos de Rafael – Rafael Patrick Saullo e Patrícia Maria Saullo Gonçalves – e os dois filhos de Mauro – Daniel Saullo e Elisa Saullo Pinto.

 ECONOMIA

 A empresa fortalece a sua relevância para a economia de Passa Quatro, que já chegou a ter seis indústrias de refrigerantes, como a Indústria de Bebidas Açoreana. Hoje, após conseguir se manter no mercado mesmo com as frequentes crises econômicas no país, a Cibal é a única do ramo em atividade no município e tem 65 funcionários diretos, além de centenas indiretamente, de acordo com o sócio proprietário Rafael Antônio. “Sempre atuamos com o pé no chão e pautamos a nossa administração nas coisas corretas”, afirma Rafael Antônio. “Nunca tivemos uma ação trabalhista”, destaca, reforçando o compromisso de sempre tratar da melhor forma possível e com honestidade todos os funcionários da indústria. Para ter uma ideia, 85% dos colaboradores da Cibal têm casa própria, o que, de acordo com os sócios, também comprova a responsabilidade social da empresa.

 Assim como ensinou Mauro Saullo, os filhos e netos continuam à frente do negócio observando e mantendo valores que, de acordo com os sócios, são fundamentais para o sucesso da Cibal. “Pautamos a nossa fábrica em três pilares: a qualidade do produto, a qualidade de vida dos nossos funcionários e a qualidade da empresa, da estrutura dela”, explica Rafael Antônio. “Meu pai sempre nos ensinou a ter honestidade e qualidade e nunca dar um passo maior que conseguíssemos dar. Ele era um homem sério, sempre tratou todo mundo com amizade e respeito”, acrescenta.

 PÚBLICO ATENDIDO E RECONHECIMENTO

Além de ser uma grande protagonista da economia de Passa Quatro, a Cibal atende ao mercado do Vale do Paraíba, de São Paulo, Vale do Paraíba do Sul, do Rio de Janeiro, e do Sul de Minas Gerais. Todo o trabalho com seriedade tem gerado bons frutos. Em 2017, por exemplo, o refrigerante Guaranita foi eleito pelo público como o melhor guaraná do país, durante o Confrebras (Congresso Brasileiro de Bebidas), realizado pela Afrebras, em São Paulo.

A história e a tradição da família no mercado de bebidas também podem ser conhecidas, em detalhes, pelo grande público. Um dos netos do imigrante italiano, Eldes Saullo lançou o livro “A Vida é Doce”, que, inicialmente, está à venda pelo Amazon.



 Fonte: Assessoria de Comunicação e Imprensa da Afrebras

Mercado de Sucos



Sucos Do Bem recebe um "Tial" da Ambev

A marca nacional de sucos sem conservantes Tial comprou a marca Do Bem, da Ambev, como apurou o site da Brazil Journal. O feito representa a primeira aquisição da história da Tial, que é líder de mercado em Minas Gerais, pertencente ao Grupo Pif-Paf Alimentos e a família de Victor Wanderley, atual CEO da empresa. O valor da aquisição não foi revelado.

A transação inclui a propriedade intelectual da marca e os equipamentos da Do Bem que estavam em fábricas da Ambev, que devem ser transportados para a fábrica da Tial em Visconde de Rio Branco (MG). Com isso, a capacidade fabril da empresa deve aumentar em 65% até 2026.

A Do Bem foi fundada em 2009 por Marcos Leta e comprada em2016 pela Ambev, que contratou o Santander para vender o ativo, já que a Do Bem cresceu pouco e ficou pequena no portfólio da gigante das bebidas.

A Brazil Journal mencionou que o CEO da Tial, Victor Wanderley, disse que as duas marcas se complementam, uma vez que a Tial é voltada para a família e a Do Bem tem um perfil premium e voltado para o público jovem.

Outra ideia é usar a marca para ingressar em outras categorias, lançando produtos funcionais, chás, infusões, bebidas energéticas e alternativas vegetais. 

Meus grifos: o mercado de sucos vem sofrendo transformações interessantes. A inglesa Britvic comprou Sucos Maguary, a Da Fruta e Bela Ichia, todas empresas familiares. A Coca-Cola, havia adquirido décadas atrás a famosa Del Valle e a Mate Leão, como forma de ampliar o porfólio de produtos e mitigar os riscos de perdas de consumo na linha de refrigerantes, considerados menos saudáveis. A Coca ainda comprou a Cervejaria Therezópolis, que entre as estratégias internas, acredito que visa a melhorar o seu SKU logístico dentro da sua malha de distribuição. (Carregar água com bolinhas é muito caro e cerveja compensa esse custo). Em suma: gigantes sempre testando meios de ampliar os horizontes e caminhjos contra os riscos e, consequentemente, buscando melhor posicionamento de market share. (Aliás, disse que no ano de 2024 mix era a bola da vez, e isso, ao meu ver continua. Basta ver o que tem nas gôndolas disponíveis nos supermercados.Os hipermercados já eram.)

A compra da Do Bem pela Ambev anos atrás, foi uma estratégia de ampliar o leque nesse mercado. Entretanto, imagino que uma megacompanhia como a Ambev não trabalha mais com tanques de pequeno e médio portes. São necessários muitos hectolitros para enchê-los e mantê-los em plena gestão de estoques. O maquinário da Corporação é muito maior, em termos de volume, e toda linha merece sua devida atenção, como distribuição, marketing e propaganda, além de promoção de vendas. Dar um tial, ou seja desmobilizar o ativo, talvez seja uma estratégia do bem para a empresa.

Por alto lado, para a Tial é um passo importante no segmento ao qual essa atua por décadas e cujo mercado vem sendo aos poucos dominado por empresas de capital estrangeiro. Crescer para a Tial não é um desejo ou vontade; é uma obrigação. 

Desejamos boa sorte a nossa mineira Tial e a Victor Wanderley, já que o CADE aprovou a decisão.

Fonte: https://bpmoney.com.br/negocios/tial-compra-do-bem/

https://braziljournal.com/tial-compra-do-bem-da-ambev-e-quer-faturar-r-1-bi/?utm_source=Brazil+Journal&utm_campaign=a67360eee3-news-07012025-1-_COPY_03&utm_medium=email&utm_term=0_850f0f7afd-a67360eee3-427709485 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Campos do Jordão



 Campos do Jordão e o Parque da Cerveja 

Campos do Jordão, que outrora foi um pequeno distrito de São Bento do Sapucaí, localizada na Serra da Mantiqueira em São Paulo, é conhecida por seu clima frio, arquitetura europeia e belas paisagens naturais. É carinhosamente chamada de a “Suiça Brasileira”. Além disso, a cidade é famosa por suas cervejarias artesanais, que atraem turistas de todo o Brasil.

Algumas das cervejarias mais renomadas incluem a Baden-Baden, fundada em 1999, a Gard Cervejaria, uma nanocervejaria que produz cerca de 2 mil litros de cerveja por mês, e o Caras de Malte, que oferece uma variedade de cervejas artesanais inspiradas na culinária alemã.

Acredito que o maior destaque seja o Parque da Cerveja, onde os visitantes podem participar de visitas guiadas pela fábrica, degustações exclusivas e atividades cervejeiras. O ambiente é capitaneado pelo empresário Syvio Rios. O mestre cervejeiro é Evandro Zanini.

Nesse ambiente familiar, tive a oportunidade de conhecer a fundo a fábrica e o parque cervejeiro, que é simplesmente uma obra-prima em meio a natureza. Há dois restaurantes, sendo o principal chamado "Alto da Brasa" com tap room, adega de vinhos, lareira e loja de souvenires, aberto permanente ao público. O segundo, que é um Biergarten, é aberto nos dias mais movimentados ou ainda em eventos especiais.

Na fábrica são produzidas as cervejas Pilsen, Dark, Pinhão e Avelã (essas incríveis, uma exclusividade da casa), além da Wine Beer, Ginger e Sour. Há ainda a produção de gin, gin tônica e hidromel, em períodos sazonais.  O ambiente conta com cascatas, jardins ornamentados com a mata atlântica e no estilo japonês. Há um conjunto de painéis que contam a história da cerveja e a pérola de todas: um mirante de encantar os olhos que quem observa todo o vale da Mantiqueira, pelo lado do estado de São Paulo. No local há também chopes para serem degustados enquanto se aprecia as nuvens mais próximas.

Além do capricho do ambiente, esse muito bem estruturado com um mobiliário de muito conforto, a Cervejaria vai além das fotos que são tiradas pelos visitantes. Trata-se de um local para comer bem, beber bem, desfrutar bons momentos com a família, parceiros e amigos.


Caso não tenha a oportunidade de conhecer o Parque da Cerveja, a Cervejaria conta com um restaurante muito bonito e aconchegante com as mesmas qualidades do Parque, no Centro de Campos do Jordão, no Capivari, chamado de Play Pub. Nesse ambiente, é possível ver a pequena destilaria da empresa, comendo um bom prato ou pestico, ao som de música ao vivo.

Fui, vi e gostei. Eu recomendo!


  • Parque da Cerveja: Estrada Municipal Paulo Costa Lenz César, 2150 - Alto Lajeado.
  • Bar da Fábrica (Play Pub) Avenida Dr. Antônio Nicola Padula, 61 - Capivari.



quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Fusões e Aquisições em Cervejarias


Prefeito José Fernandes celebra venda da Cervejaria Malta e reforça compromisso com a geração de empregos em Assis

O prefeito de Assis, José Fernandes, comemorou nesta semana a venda da Cervejaria Malta para um grupo de empresários assisenses, um passo importante para a preservação de empregos e a manutenção de uma das empresas mais tradicionais da cidade.

Desde o anúncio da recuperação judicial da Malta, em setembro de 2023, quando havia o risco de conversão em falência, José Fernandes se dedicou pessoalmente para acompanhar o processo e buscar soluções viáveis para a continuidade das operações da cervejaria.

O prefeito José Fernandes destacou o empenho em garantir o bem-estar dos trabalhadores durante o processo de aquisição da Cervejaria Malta. Segundo ele, reuniões e visitas à fábrica foram fundamentais para viabilizar a negociação, reforçando o potencial dos empresários assisenses. "Preservamos a empresa e fortalecemos os investimentos na cidade", afirmou.

Ele parabenizou os novos proprietários e agradeceu a todos os envolvidos, ressaltando que a venda da cervejaria vai além da continuidade do negócio, representando a geração de empregos, renda e o fortalecimento da história de Assis. "Essa conquista é de toda a nossa cidade", concluiu.

Grifos meus: O ano de 2024, o mercado cervejeiro nacional está em profundo movimento. (O mesmo vale para o mercado internacional.) Pequenos e médios fabricantes vem sofrendo com a alta dos preços dos insumos, esses baseados em dólares como malte, lúpulo e levedo, bem como a inflação, que está afetando o bolso dos brasileiros, limitando o poder de compra, modificando hábitos e até reduzindo o consumo de álcool. Imagino que a Malta deva colocar em sua estratégia a fabricação de cervejas para ciganos, de forma a reduzir os impactos dos custos fixos.

 Assis, Cidade em Movimento

Fonte: Assessoria de Comunicação PMA https://www.assis.sp.gov.br/noticia/5680/prefeito-jose-fernandes-celebra-venda-da-cervejaria-malta-e-reforca-compromisso-com-a-geracao-de-empregos-em-assis

terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Duke Whiskey

Duke: o Whiskey do Velho Oeste

Quem possui pais ou parentes acima dos 70 anos, provavelmente, deve ter acompanhado os antigos filmes de faroeste, onde cowboys, índios, mocinhos e donzelas e bandidos eram os astros que compunham as telas. É nítido que a conquista do velho Oeste não foi das mais fáceis. Duelos e Bang-Bangs eram uma prática comum, o que fez com que os estados americanos se unissem e criassem uma guarda nacional, formando quartéis e tropas de patrulhamento (Rin-tin-tin e Rusty que os digam a respeito.)


Uma das cenas memoráveis são os velhos Saloons. Os bares que serviam cervejas que ficavam armazenadas em uma adega rudimentar abaixo do bar para manter a temperatura fria, além das aguardentes, a destacar Moonshine, Whiskey e Bourbon. 

Dessa forma, separei o destilado que foi elaborado para refletir a bebida do astro ícone do velho Oeste: John Wayne, também conhecido por muitos pelo apelido de Duke.

Legendary Duke é um bourbon produzido pela Duke Spirits e engarrafado pela OZ Tyler Distillery em Owensboro, Kentucky. A empresa foi organizada por Ethan Wayne, o filho mais novo de John Wayne, e o parceiro de negócios Chris Radomski.

A gênese da Duke foi a descoberta por Ethan Wayne de uma vasta coleção de uísques, reunida por seu pai, que estava lacrada desde a morte de John Wayne em 1979. Trabalhando com o Mestre Destilador da OZ Tyler, Jacob Call, a empresa confiou nas próprias notas e engarrafamentos personalizados de Wayne para criar um bourbon no que eles acreditavam ser o estilo preferido de John Wayne.

A cor é âmbar-dourado.



No olfato, o bourbon é leve e floral. Há notas de mel e caramelo, e um pouco de tempero de centeio de canela, noz-moscada e cravo, junto com um traço de raspas de laranja e um toque de menta e pêssego.

No paladar, há mais caramelo doce, junto com notas de maçã cozida, e toques de baunilha, pêssego e frutas tropicais secas. Há notas de especiarias de canela e outras especiarias tropicais, e um apimentado perceptível que se constrói rapidamente e então se dissipa, acompanhado por um leve amargor.

As notas de especiarias mostram uma forte influência de centeio, e são mais pronunciadas do que você esperaria, exceto pelos 13% de centeio no mash bill. As notas de especiarias são muito parecidas com Wild Turkey, mais uma evidência circunstancial das origens do bourbon.

O final é de comprimento médio, suave, doce, com notas de caramelo e frutas secas acompanhadas de um toque apimentado persistente. É isso ai Pelegrino!

Fonte: https://www.forbes.com/sites/joemicallef/2019/06/13/legendary-duke-could-have-been-john-waynes-whiskey/


segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Guinness 2024

 


Pubs britânicos racionam cerveja Guinness; entenda

Proprietária da marca anunciou enfrentar 'demanda excepcional' após bebida ter se popularizado entre público mais jovem, e restringiu a quantidade de barris que bares do Reino Unido podem comprar.

Bares de todo o país sofrem com a mesma escassez desde que a Diageo, proprietária da Guinness, anunciou este mês que enfrentava uma "demanda excepcional dos consumidores".

Vários fatores ajudam a explicar as dificuldades de fornecimento da cerveja:

O consumo de Guinness aumentou 24% entre as mulheres, após uma estratégia comercial que busca atrair novos consumidores, segundo a diretora-executiva da Diageo, Debra Crew.

Entre a geração Z, o interesse na cerveja preta se deu por causa dos chamados "Guinnfluencers", como Kim Kardashian, que publicou uma foto sua com a cerveja no Instagram.

As vendas da Guinness no Reino Unido aumentaram 21% entre julho e outubro, apesar do declínio geral no mercado de cerveja, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado de alimentos e bebidas CGA by NIQ.

Foto: Benjamin Cremel/AFP

Sobre a História da Guinness Company

A Guinness foi fundada em 1759 pelo cervejeiro Arthur Guinness. Ele decidiu iniciar sua cervejaria em uma construção desativada em uma área discreta de Dublin. O fundador, então, fez um negócio incrível com a cidade. Ele alugou o local por 45 libras anuais por 9.000 anos. A Guinness, então, se especializou na stout, uma cerveja reconhecida por sua cor escura, quase preta. Então, década após década, a empresa exportou suas cervejas para todo o Império Britânico e, depois, para todo o mundo, tornando-se a stout mais famosa. Isso se deve em parte a uma boa qualidade do produto, a uma imagem forte da marca e à publicidade (usando o famoso tucano ocasionalmente) desde a década de 1940. Além disso, o símbolo da harpa como logotipo foi usado desde 1862, tornando o logotipo da Guinness um exemplo de logotipo que sobreviveu ao teste do tempo.

Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2024/12/16/pubs-britanicos-racionam-cerveja-guinness-entenda.ghtml

Warren Buffet

 

Saiba o que bilionários são capazes: “Nunca Desejei Criar Uma Dinastia”. Warren Buffett Doa R$ 6,55 Bi em Ações da Berkshire

As doações que estou fazendo hoje reduzem minhas ações Classe A da Berkshire Hathaway para 206.363, uma queda de 56,6% desde minha promessa em 2006. Em 2004, antes da morte de Susie, minha primeira esposa, nós dois possuíamos 508.998 ações Classe A. Por décadas, ambos acreditávamos que ela viveria mais que eu e, posteriormente, distribuiria a maior parte de nossa grande fortuna. Isso não aconteceu.

Quando Susie faleceu, seu patrimônio era de cerca de US$ 3 bilhões (R$ 18 bilhões), com aproximadamente 96% desse montante indo para nossa fundação. Além disso, ela deixou US$ 10 milhões (R$ 60 milhões) para cada um dos nossos três filhos, o primeiro grande presente que demos a eles. Esses legados refletiam nossa crença de que pais extremamente ricos devem deixar aos filhos o suficiente para poderem fazer qualquer coisa, mas não o suficiente para poderem não fazer nada.

Susie e eu há muito incentivávamos nossos filhos a se engajarem em pequenas atividades filantrópicas e ficamos satisfeitos com seu entusiasmo, diligência e resultados. No entanto, na época de sua morte, eles ainda não estavam prontos para lidar com a imensa riqueza gerada pelas ações da Berkshire. Mesmo assim, suas atividades filantrópicas foram significativamente ampliadas pela promessa vitalícia que fiz em 2006 e posteriormente expandi.

Agora, meus filhos mais do que justificaram nossas expectativas e, após minha morte, terão total responsabilidade por distribuir gradualmente todas as minhas ações da Berkshire, que atualmente representam 99,5% da minha riqueza.

O tempo é implacável. Mas pode ser imprevisível, injusto e até cruel, às vezes encerrando vidas ao nascer ou logo depois, enquanto, em outras, pode demorar quase um século para agir. Até agora, tive muita sorte, mas, em breve, o tempo chegará para mim.

No entanto, há um lado negativo em minha boa sorte de evitar sua atenção. A expectativa de vida dos meus filhos diminuiu significativamente desde minha promessa em 2006. Hoje, eles têm 71, 69 e 66 anos.

Nunca desejei criar uma dinastia ou seguir qualquer plano que se estendesse além dos meus filhos. Conheço os três muito bem e confio plenamente neles. Já as gerações futuras são uma questão diferente. Quem pode prever as prioridades, inteligência e comprometimento de gerações sucessivas ao lidar com a distribuição de uma riqueza extraordinária em um cenário filantrópico possivelmente muito diferente? Ainda assim, a vasta fortuna que acumulei pode levar mais tempo para ser usada do que meus filhos viverão. E as decisões de amanhã provavelmente serão melhores se tomadas por três cérebros vivos e bem direcionados do que por uma mão morta.

Por isso, três possíveis curadores sucessores foram designados. Cada um é bem conhecido pelos meus filhos e faz sentido para todos nós. Eles também são um pouco mais jovens que meus filhos. Mas esses sucessores estão na lista de espera. Espero que Susie, Howie e Peter distribuam todos os meus bens.

Cada um respeita meu desejo de que o programa de distribuição das minhas ações da Berkshire em nada traia a confiança excepcional que os acionistas da empresa depositaram em Charlie Munger e em mim. O período de 2006 a 2024 me deu a oportunidade de observar cada um dos meus filhos em ação, e eles aprenderam muito sobre filantropia em grande escala e comportamento humano. Cada um supervisionou equipes de 20 a 30 pessoas por muitos anos e observou as dinâmicas únicas de emprego que afetam organizações filantrópicas.

 ***

Amigos ricos frequentemente questionam minha confiança extraordinária em meus filhos e seus possíveis substitutos. Eles ficam especialmente surpresos com minha exigência de que todas as ações da fundação exijam um voto unânime. Como isso pode funcionar?

Expliquei que meus filhos sempre serão cercados por pedidos insistentes de amigos sinceros e outros. Outra realidade: quando grandes doações filantrópicas são solicitadas, um “não” frequentemente leva os possíveis beneficiários a tentarem uma abordagem diferente – outro amigo, outro projeto, qualquer coisa. Aqueles que podem distribuir grandes somas são eternamente vistos como “alvos de oportunidade”. Essa realidade desagradável faz parte do território.

Daí a cláusula da “decisão unânime”. Essa restrição permite uma resposta imediata e definitiva aos solicitantes: “Isso nunca receberia o consentimento do meu irmão.” E essa resposta melhorará a vida dos meus filhos.

Minha cláusula de unanimidade, é claro, não é uma solução mágica – claramente não funcionaria se você tivesse nove ou dez filhos ou enteados. E também não resolve o problema desafiador de distribuir inteligentemente muitos bilhões anualmente.

***

Tenho uma sugestão para todos os pais, seja qual for sua condição financeira: quando seus filhos forem maduros, peça que leiam seu testamento antes de você assiná-lo.

Certifique-se de que cada filho entenda tanto a lógica de suas decisões quanto as responsabilidades que enfrentará após sua morte. Se algum tiver perguntas ou sugestões, ouça com atenção e adote as ideias que parecerem sensatas. Você não quer que seus filhos perguntem “Por quê?” em relação a decisões testamentárias quando você já não puder responder.

Ao longo dos anos, todos os meus filhos fizeram perguntas ou comentários, e muitas vezes adotei suas sugestões. Não há nada de errado em ter que defender minhas ideias. Meu pai fez o mesmo comigo.

Atualizo meu testamento a cada dois anos – muitas vezes apenas com pequenas mudanças – e mantenho as coisas simples. Charlie e eu vimos muitas famílias se desintegrarem depois que as disposições de um testamento deixaram os beneficiários confusos e, às vezes, irritados. Ciúmes, juntamente com desentendimentos reais ou imaginários da infância, tornaram-se ampliados, especialmente quando filhos homens eram favorecidos em detrimento de filhas, seja em termos monetários ou em posições de importância.

Charlie e eu também testemunhamos alguns casos em que a discussão de um testamento antes da morte ajudou a unir a família. O que poderia ser mais gratificante?

Enquanto escrevo isso, continuo minha sequência de sorte, que começou em 1930 com meu nascimento nos Estados Unidos como um homem branco. Minhas duas irmãs, é claro, receberam a promessa da 19ª Emenda em 1920 de que seriam tratadas igualmente aos homens. Esse, afinal, era o ideal de nossas treze colônias em 1776.

Em 1930, no entanto, nasci em um país que ainda não havia cumprido essas aspirações. Com a ajuda de Billie Jean King, Sandra Day O’Connor, Ruth Bader Ginsburg e muitos outros, as coisas começaram a mudar na década de 1970.

 

Favorecido por meu status masculino, desde cedo tive confiança de que ficaria rico. Mas de forma alguma eu, ou qualquer outra pessoa, sonhamos com as fortunas que se tornaram possíveis nos Estados Unidos nas últimas décadas. Foi algo impressionante – além da imaginação de Ford, Carnegie, Morgan ou mesmo Rockefeller. Bilhões se tornaram os novos milhões.

As perspectivas não eram boas quando cheguei, no início da Grande Depressão. Mas a verdadeira magia do efeito composto ocorre nos últimos 20 anos de uma vida. Por não ter “escorregado em nenhuma casca de banana”, ainda estou ativo aos 94 anos com grandes somas de economias – chame-as de unidades de consumo diferido – que podem ser repassadas a outros que nasceram em condições muito desfavoráveis.

Também tive sorte por minha filosofia filantrópica ter sido entusiasticamente abraçada – e ampliada – por ambas as minhas esposas. Nem eu, Susie Sr., nem Astrid, que a sucedeu, acreditávamos em riqueza dinástica.

Ao invés disso, compartilhávamos a visão de que a igualdade de oportunidades deveria começar no nascimento, e estilos de vida ostensivos deveriam ser legais, mas não admirados. Como família, tivemos tudo o que precisávamos ou desejávamos, mas nunca buscamos prazer no fato de outros invejarem o que tínhamos.

Também me dá prazer saber que muitos acionistas iniciais da Berkshire chegaram independentemente a uma visão semelhante. Eles economizaram – viveram bem – cuidaram de suas famílias – e, pelo efeito composto de suas economias, repassaram grandes, às vezes enormes, somas para a sociedade. Seus “cheques de crédito” estão sendo amplamente distribuídos a outros menos afortunados.

Com essa filosofia, vivi como quis desde os meus 20 e poucos anos e agora assisti meus filhos crescerem como cidadãos bons e produtivos. Eles têm opiniões diferentes em muitos casos, tanto entre si quanto em relação a mim, mas compartilham valores comuns que permanecem inabaláveis.

Susie Jr., Howie e Peter dedicaram muito mais tempo ajudando diretamente outras pessoas do que eu. Eles apreciam estar confortáveis financeiramente, mas não são obcecados por riqueza. Sua mãe, de quem aprenderam esses valores, ficaria muito orgulhosa deles.

Assim como eu.

 

Leia mais em: https://forbes.com.br/forbes-money/2024/11/nunca-desejei-criar-uma-dinastia-buffett-doa-r-655-bilhoes-em-acoes-da-berkshire-e-deixa-legado-para-a-filantropia/ 

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