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sábado, 19 de julho de 2025

Mercado de Bebidas 2025

O Futuro das Bebidas pós 2025, segundo os CEOs do Setor

por Alexander Puutio, da Forbes Agro

Crescimento, reposicionamento e disputas por espaço indicam uma reconfiguração profunda do mercado global

Você pode levar um homem até a água, mas não pode obrigá-lo a bebê-la, a menos que ela tenha a marca certa, os nutrientes ativos adequados, nootrópicos e, claro, que seja sem glúten, ao que tudo indica.

A indústria de bebidas passou por uma verdadeira revolução na última década, deixando de ser um espaço dominado por gigantes tradicionais como Coca-Cola e Pepsi para se tornar um setor onde novos entrantes estão redesenhando o que os consumidores esperam em termos de sabor e refrescância.

Antes, bastava adicionar essência industrial de cereja a uma bebida ou criar uma versão de pepino gelado para o público japonês para isso ser considerado inovação. Com o passar dos anos, no entanto, cada novo SKU parecia menos uma inovação transformadora de categoria e mais uma obrigação ou artifício de marketing para manter a atenção dos consumidores presa na única esteira disponível no mercado. Hoje, o cenário não poderia ser mais diferente.

Marcas como Liquid Death, Olipop e Poppi trouxeram cor às prateleiras e provaram que os consumidores estão dispostos a experimentar algo diferente das variações tradicionais do refrigerante, criando marcas bilionárias nesse processo. O resultado é um corredor de bebidas quase irreconhecível em comparação com uma década atrás.

Marcas consolidadas agora disputam espaço nas gôndolas com bebidas funcionais, alternativas ao álcool e formulações voltadas ao bem-estar — categorias que não existiam há poucos anos e outras para as quais sequer temos um nome atualmente.

Por que as bebidas não alcoólicas estão dominando as tendências de 2025

Durante anos, o segmento não alcoólico foi visto como secundário — quando não como um incômodo completo — para os bartenders ao redor do mundo.

 Se você não bebia álcool, suas opções no bar se limitavam a água, refrigerante ou algo ainda mais sem graça — uma versão inferior do “produto real”, aquele que tinha coragem de vir com um sinal de porcentagem no rótulo.

 Isso mudou. E mudou muito. Sejam cervejas artesanais sem álcool ou águas gaseificadas com lúpulo, a categoria não apenas chegou como também prospera de forma que muitos não teriam previsto há uma década — época em que ainda debatíamos se as cervejas light iriam ou não vingar.

Jordan Bass, CEO e cofundador da HOPWTR, acompanhou essa evolução de perto e teve papel ativo no crescimento da categoria até o patamar atual. Sua empresa vende água com gás infusionada com lúpulo que reproduz a refrescância da cerveja, mas sem o álcool. “80% dos consumidores querem funcionalidade em suas bebidas do dia a dia, e um número crescente quer o sabor sem se sentir pesado”, explica Bass.

Ele certamente não está errado sobre a direção do mercado. Segundo a Grand View Research, o setor deve crescer a uma taxa composta de 7,4% ao ano até 2030 — perto dos 9,3% projetados para as bebidas alcoólicas.

Tendências das gerações A e Z, como o movimento “sober curious” (curioso pela sobriedade), estão transformando o antigo “Janeiro seco” dos mais velhos em um estilo de vida — com alguns defendendo que estamos próximos de um ponto de virada que levará as bebidas alcoólicas ao mesmo destino do tabaco.

A visão de Bass pode ser influenciada por sua experiência direta, mas o fato de a empresa ter crescido com taxas de três dígitos nos últimos anos indica algo mais profundo. “Isso não é uma moda passageira. As pessoas querem variedade, e querem bebidas que façam algo por elas”, afirma Bass. A ascensão das bebidas não alcoólicas se deve a diversos fatores que ocorrem simultaneamente.

Embora os consumidores mais jovens estejam bebendo menos álcool, ainda valorizam as experiências sociais que as bebidas tradicionais proporcionam. O ritual de segurar um copo, os sabores complexos e a sensação de ocasião continuam essenciais — mesmo sem o álcool. A marca Liquid Death soube capitalizar isso com maestria em seu branding e posicionamento.

Ao mesmo tempo, tendências de bem-estar continuam impulsionando os consumidores em direção a produtos com benefícios funcionais, como adaptógenos, eletrólitos, botânicos e nootrópicos voltados à cognição, saúde intestinal e outros objetivos.

A demanda não é apenas por substitutos aos refrigerantes tradicionais, mas por algo completamente diferente — algo melhor. Os consumidores estão buscando bebidas que promovam foco, relaxamento e bem-estar geral, sem abrir mão do clima e da sofisticação típicos das bebidas alcoólicas.

 “Não estamos vendo as pessoas apenas trocarem cerveja ou coquetéis por alternativas genéricas”, diz Bass. “Elas estão buscando bebidas que se encaixem no seu estilo de vida — seja para relaxar depois de um longo dia, melhorar a hidratação ou oferecer energia sem o efeito rebote.”

Essa mudança criou uma nova categoria de bebidas não alcoólicas, que inclui desde águas gaseificadas com lúpulo até destilados artesanais sem álcool. Também estão surgindo lojas especializadas em bebidas não alcoólicas, como a Minus Moonshine no bairro de Williamsburg, em Nova York.

A força com que essas tendências se impuseram obrigou as marcas tradicionais de bebidas alcoólicas a reverem suas estratégias — muitas já lançam versões sem álcool de cervejas, vinhos e coquetéis para acompanhar as novas preferências. O desafio, nesse cenário, é se destacar em um mercado cada vez mais saturado para as marcas consolidadas e para as que estão começando agora.

“O mercado de bebidas é extremamente competitivo”, diz Bass. “Você não compra espaço na prateleira, você conquista. Todos os dias, é preciso provar que você merece estar ali”, destacando a importância de performance e posicionamento. Bass acredita que o segmento não alcoólico pode representar entre 10% e 20% do mercado total de cerveja num futuro próximo. Seja nos próximos cinco anos ou um pouco mais adiante, a tendência é clara: o movimento da moderação está longe de desacelerar. E com isso vem uma mudança fundamental na forma como as pessoas se relacionam com as bebidas.

O futuro do vinho: inovação, vendas diretas e novos desafios

O crescimento rápido das bebidas não alcoólicas não significa que as categorias tradicionais de álcool estejam desaparecendo. O vinho, em particular, continua sendo uma força cultural e econômica, mas enfrenta desafios específicos — que vão de tarifas à queda na demanda.

Especialistas estimam que o mercado de vinhos teve queda de até 5% em volume em 2024, após um recuo de 3% em 2023. Há expectativa de estabilização, mas a pressão para que o setor se adapte e inove nunca foi tão intensa.

Roger Nabedian, ex-vice-presidente executivo e gerente-geral da E&J Gallo Winery, dedicou décadas à inovação no setor. Atualmente no conselho da DRINKS — fornecedora de soluções de e-commerce para produtores e varejistas de bebidas alcoólicas —, ele vê a indústria evoluindo conforme os comportamentos do consumidor mudam.

“Muita gente diz que é disruptiva, mas poucos realmente são”, afirma Nabedian. Um dos fatores que mais estão transformando o setor vinícola é a distribuição. Modelos de venda direta ao consumidor (DTC) estão ganhando força, especialmente com a perda de relevância dos canais de varejo tradicionais.

O modelo de distribuição em três camadas nos EUA — separando produtores, distribuidores e varejistas — é tradicional, mas apresenta obstáculos, sobretudo para pequenas vinícolas que querem ampliar o alcance. As regulamentações estaduais impõem barreiras, tornando o processo caro e burocrático.

Mesmo que haja demanda, nem sempre é claro como fazer o produto chegar ao cliente. “Se você não tem uma estratégia omnichannel, vai ser atropelado por quem tem”, afirma Zac Brandenberg, CEO da DRINKS.

Inovações tecnológicas também estão modernizando a viticultura. O uso de inteligência artificial (IA), por exemplo, tem possibilitado técnicas de agricultura de precisão que aumentam a eficiência e a sustentabilidade. Tratores autônomos com IA mapeiam vinhedos, processam dados e ajudam na tomada de decisões — reduzindo o consumo de combustível e o impacto ambiental. A tecnologia também está mudando a forma como o vinho é comercializado.

Empresas como a DRINKS usam IA para otimizar o modelo DTC, conectando consumidores a rótulos compatíveis com seus perfis e garantindo conformidade com regulamentações estaduais.

“A IA está ajudando as vinícolas a se tornarem mais inteligentes na forma de se comunicar com seus clientes”, diz Nabedian. “Estamos vendo mais personalização, preços dinâmicos e soluções automatizadas de compliance que eliminam as incertezas de vender em múltiplos estados.” Outro desafio importante é conquistar os consumidores mais jovens, que são menos fiéis às marcas que as gerações anteriores. É aí que os dados fazem a diferença.

“Dados estão revolucionando como conectamos pessoas aos vinhos que vão gostar. Dados são o novo sommelier”, diz Brandenberg. “Se você não os usa para entender seu cliente — o que ele quer, como compra, quais faixas de preço prefere — já está atrasado.”

E há ainda pressões externas. Novas tarifas sobre vinhos europeus, implementadas durante o governo Trump, trouxeram incertezas para importadores. Além disso, a ascensão da cannabis e de medicamentos para perda de peso com GLP-1 estão alterando os hábitos de consumo, com parte do público reduzindo a ingestão de álcool. 

Apesar (ou por causa) desses desafios, a inovação no setor do vinho está viva. Mais vinícolas estão testando viticultura sustentável, blends com menor teor alcoólico e formatos alternativos de embalagem, buscando atrair o consumidor moderno. O setor não está desaparecendo, ele está evoluindo em tempo real.

A ascensão das bebidas funcionais e da busca por saúde em 2025

Se há uma tendência que marcou a indústria de bebidas na última década, foi a de consumidores preocupados com saúde exigindo produtos melhores, às vezes, totalmente diferentes. Isso é especialmente visível no mercado de nootrópicos e bebidas funcionais, onde empresas como a Brez estão liderando uma nova onda de bebidas que estimulam a cognição.

Aaron Nosbisch, CEO da BRĒZ, observou uma mudança significativa nas preferências dos consumidores em direção a alternativas alcoólicas mais saudáveis — que entregam efeitos reais sem as consequências negativas do álcool tradicional. Ele enfatiza que uma marca genuína precisa destacar os benefícios concretos para a vida do consumidor. No caso da BRĒZ, isso significa mostrar que é possível “sentir-se incrível hoje sem se sentir mal amanhã”.

Nosbisch também destaca a importância do posicionamento positivo da marca. Segundo ele, não basta ser “anti” alguma coisa — como apenas ser “sem álcool”. É preciso comunicar o que o produto oferece de valor, focando no que ele é, e não no que não é. E o que ele é, segundo Nosbisch, é simples: bebidas funcionais que ampliam experiências sociais sem os efeitos colaterais do álcool.

A acessibilidade também é um fator-chave nessa transformação. Antes restritas a lojas de produtos naturais, essas bebidas agora aparecem em supermercados e até postos de gasolina. Com a expansão da distribuição, a categoria está pronta para crescer ainda mais, oferecendo acesso fácil a essas inovações.

À medida que o setor avança, uma coisa fica clara: as alternativas alcoólicas “melhores para você” estão se tornando o novo padrão. Se 2025 vai ser definido por algo no mundo das bebidas, será pela escolha. A escolha do consumidor e as opções que estarão disponíveis para ele. As escolhas dos produtores em se adaptar a um mercado que não espera por ninguém — e só tem empatia por quem entende o que o consumidor quer.

O velho duopólio dos refrigerantes não está mais no comando. E todos os segmentos da indústria estão evoluindo a passos largos, do não alcoólico ao funcional, passando pelos tradicionais.

Saiba mais em: https://forbes.com.br/escolhas-do-editor/2025/07/o-futuro-das-bebidas-pos-2025-segundo-os-ceos-do-setor/ 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Refrigerantes Artemis

Refrigerantes Artemis: uma marca de refrescos tradicional e mineira

Nesse mês me estabeleci em um hotel na cidade de Brasilândia de Minas e me deparei com um refrigerante regional de nome Artemis, Voltei à memória de onde me lembrava daquele nome que não me era estranho. Descobri que havia escrito sobre esse refresco em meu segundo livro "Cervejarias Mineiras: Da Imigração ao Copo". Fiquei muito feliz ao experimentá-lo, e por isso partilho um trecho de meu livro que conta a sua história.

"Oportunamente, localizei uma outra empresa que me chamou a atenção. Tratava-se de uma fábrica de bebidas, chamada Refrigerantes Artemis, que pertenceu à firma Santiago e Cia. Ltda. e tinha como sócios Carlos Santiago Amparo, José Santiago, Adão Joaquim de Souza e Gerson Gomes Carneiro. A firma produzia refrescos diversos como a famosa Laranjinha, a soda gasosa e o guaraná, num galpão situado na Rua Silva Guerra, número 252, no centro da cidade. O nome da indústria foi uma homenagem ao Hotel Artemis, da cidade de São Paulo. Este hotel foi uma residência temporária dos irmãos Santiago.

Tive a oportunidade de conversar com um dos filhos do fundador Carlos Santiago, Antônio Carlos. Toninho, como gosta de ser chamado, me contou que os irmãos Santiago produziam refrigerantes de nome Baby, desde 1955, na Fábrica de Bebidas Araxaense, na cidade de Araxá, na Rua Manoel Francisco, 144. Com a construção da cidade de Brasília por JK, na década de 1950, os irmãos decidiram se mudar para Patos de Minas por entenderem que ali seria uma rota estratégica e mais próxima da nova Capital. Seguindo aquela intuição, em 1959, os irmãos Santiago abriram uma nova indústria genuinamente de alma Patense.

Apesar de produzirem unicamente refrigerantes, o tino comercial no segmento de bebidas se destacava no mercado. Os empresários tinham o dom. Em virtude disso, a empresa passou a vender cervejas, por meio de uma representação comercial de uma linha de produtos da Companhia CervejariaAntarctica, de Ribeirão Preto. Para tanto, foi criada a Antarctica Santiago Cia. Ltda..

O sucesso da empreitada foi surpreendente. O movimento operacional cresceu de forma a escalonar ao ponto da Antarctica Santiago ter se tornado a terceira maior arrecadadora de impostos do município de Patos, no mês de novembro de 1977.

O negócio estava realmente indo de vento em popa. Entretanto, na década de 1980, um fato curioso aconteceu. Antônio Carlos me confidenciou que, quando a Cia. Antarctica comprou a fábrica da família Bessone, na cidade de Pirapora, em 1973, parte da demanda que sobrecarregava a unidade fabril de Ribeirão Preto foi transferida para a unidade de Pirapora. Consequência disso, as cervejas Pilsen ofertadas pela Companhia Antarctica em Patos de Minas, tinham como origem a cidade do Velho Chico. Devido ao fato de as águas de Pirapora, do Rio São Francisco, serem diferentes das águas de Ribeirão Preto, a clientela percebeu uma certa diferença no sabor da cerveja. Naturalmente, a reclamação dos fregueses repercutiu na distribuidora dos Santiago e foi espalhada por toda a cidade. Foi um rebuliço geral!

Com muito denodo, foco e trabalho, a Artemis funciona até os dias de hoje e suas operações focadas na fabricação de refrigerantes estão a todo vapor. Quem sabe a família Santiago não se anima a produzir a sua própria cerveja num futuro próximo?"


Sobre o nome: Ártemis é uma deusa da mitologia grega, associada à caça, à vida selvagem, à castidade, à vegetação e ao parto. Era também a protetora das mulheres, das crianças e dos nascimentos.

Ártemis era filha de Zeus e Leto, e irmã gêmea de Apolo. Era uma das divindades mais populares da Grécia Antiga. Na mitologia romana, Ártemis é conhecida como Diana.





sexta-feira, 15 de abril de 2016

Fabrica de Bebidas Paraguay

O famoso refrigerante "Gato Preto" de Belo Horizonte

Tive que dar um pulo em no Hospital Socor no Barro Preto, um bairro antigo de Belo Horizonte, mais precisamente na Rua dos Tupis esquina com Juiz de Fora.

Ao chegar na esquina do hospital me deparei com uma loja de retentores chamada de Total Vedações. Até ai tudo bem. O que me chamou atenção foi uma logomarca de nome "Paraguay" impressa em cimento no prédio onde está a loja.

Minha memória puxou aquele símbolo. Ali foi a sede da Fábrica de Bebidas Paraguay Ltda., fundada por José Joaquim de Oliveira. Tradicional em Belo Horizonte seu carro chefe foi a linha de refrigerantes e refrescos, tendo o carro chefe o famoso refrigerante "Gato Preto". Suas garrafas tinham um aspecto peculiar, e vinha com um gato em alto relevo assim como a sua escrita. Alguns antiquários da cidade ainda apresenta, algumas garrafas ainda intactas. O refrigerante era do tipo cola.

A fábrica não produziu cervejas. Mas fez bonito da década de 1940, produzindo o que fazia melhor: refrigerantes. Tudo indica que a fábrica mudou-se para Contagem em 1965, se especializando no fabrico de vinagres. Trata-se de uma empresa de bebidas que pertence a história da capital mineira.

Muraí Caetano, proprietário do restaurante Chico da Kafúa em BH, possui uma vasta coleção de garrafas de cachaças, cervejas e refrigerantes e outros acessórios relacionados ao segmentos de bebidas.

Em um breve momento que estive com este colecionador nato, em 2019, pude tirar fotos de seu acervo, voltado aos produtos da Indústria Paraguay. Fiquei agraciado com o que vi. Aproveite!









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