Com o sabre no pescoço: Crise em Champanhe, na França: na
terra de Dom Pérignon, Veuve Clicquot e Moët & Chandon só se fala na
taxação de 200% de Trump
Importações de champanhe francesa
nos EUA chegam quase a US$ 1 bilhão por ano
Por The New York Times — Épernay,
França
Os produtores de champanhe na
França vendem quase US$ 1 bilhão para os EUA todos os anos, mas, na
sexta-feira, em Épernay, a capital mundial do espumante, o único número na boca
de todos era 200.
Foi mais um capítulo da guerra
comercial iniciada por Trump, depois que a União Europeia (UE) contra-atacou a
elevação de tarifas sobre aço e alumínio com suas próprias tarifas sobre
produtos dos EUA.
A ameaça de uma tarifa de três
dígitos caiu como um raio em Épernay, assustando trabalhadores, produtores e as
lojas da Avenue de Champagne, o boulevard central da cidade.
— Uma tarifa de 200% tem o
objetivo de garantir que nenhum Champagne seja enviado para os EUA — disse
Calvin Boucher, gerente da Michel Gonet, uma casa que está há 225 anos na
avenida.
Com 20% a 30% das 200 mil
garrafas que produz anualmente exportadas para comerciantes e restaurantes
americanos, a empresa teria seu negócio “esmagado”, afirmou Boucher. O preço de
um champanhe de US$ 125 mais que triplicaria da noite para o dia.
Dom Pérignon, Veuve Clicquot e
Moët & Chandon respondem por um terço das vendas
As maiores casas — incluindo Dom
Pérignon, Veuve Clicquot e Moët & Chandon, pertencentes ao conglomerado de
luxo LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton — dominam a produção, as exportações e
representam um terço das vendas totais.
Consumo em queda
A produção de champanhe já havia enfrentado um ano difícil, com o clima ruim reduzindo a colheita. O consumo vem diminuindo, à medida que os jovens têm mudado seus hábitos, passando a preferir coquetéis e cervejas artesanais. As vendas de champanhe caíram desde a pandemia, com uma queda de 9% no ano passado.
Impacto em negócios nos EUA
O dano de uma guerra comercial se
espalharia muito além das casas de champanhe, atingindo importadores e
distribuidores americanos e colocando em risco diversos pequenos negócios.
Michael Reiss, presidente da
Vineyard Road, um pequeno distribuidor de Framingham, Massachusetts, que
importa champanhe e vinhos da Europa e os distribui no Nordeste dos EUA, disse
que pequenos negócios como o dele, incluindo restaurantes e lojas de varejo,
seriam “muito prejudicados”.
O ambiente comercial imprevisível
poderia forçar as empresas a cancelar investimentos planejados, acrescentou
ele. Além disso, as tarifas aplicadas no início da cadeia de suprimentos podem
se multiplicar, já que cada empresa que manipula o produto aumenta seu preço de
acordo, disse Reiss:
— Então, até mesmo uma tarifa de
25% pode facilmente levar a um aumento de preços de 40% a 60%.
Uma tarifa de 200% “eliminaria a
possibilidade de as pessoas comprarem coisas que trazem alegria para suas
vidas,” acrescentou.
Ministro chama guerra comercial
de 'idiota'
De volta a Épernay, caso as
vendas caiam, os produtores de vinho precisarão de menos trabalhadores nos
campos, e haverá menos trabalho para operadores de tratores, fabricantes de
rolhas e fabricantes de garrafas.
Na sexta-feira, o ministro das
Relações Exteriores da França, Eric Lombard, chamou a guerra comercial de
“idiota” e disse que viajará para Washington em breve.
— Precisamos conversar com os
americanos para diminuir a tensão — disse ele à televisão francesa.
As maiores casas de champanhe da França permaneceram em silêncio, recusando-se a comentar enquanto esperavam ver como a ameaça de Trump se desenrolaria — e se representantes dos governos europeus conseguiriam fazê-lo recuar.
Fonte e mais informações: https://oglobo.globo.com/economia/negocios/noticia/2025/03/16/crise-em-champanhe-na-franca-na-terra-de-dom-perignon-veuve-clicquot-e-moet-and-chandon-so-se-fala-na-taxacao-de-200percent-de-trump.ghtml
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