Refrigerantes Artemis: uma marca de refrescos tradicional e mineira
Nesse mês me estabeleci em um hotel na cidade de Brasilândia de Minas e me deparei com um refrigerante regional de nome Artemis, Voltei à memória de onde me lembrava daquele nome que não me era estranho. Descobri que havia escrito sobre esse refresco em meu segundo livro "Cervejarias Mineiras: Da Imigração ao Copo". Fiquei muito feliz ao experimentá-lo, e por isso partilho um trecho de meu livro que conta a sua história.
"Oportunamente, localizei uma outra empresa que me chamou a atenção.
Tratava-se de uma fábrica de bebidas, chamada Refrigerantes Artemis, que
pertenceu à firma Santiago e Cia. Ltda. e tinha como sócios Carlos Santiago
Amparo, José Santiago, Adão Joaquim de Souza e Gerson Gomes Carneiro. A firma
produzia refrescos diversos como a famosa Laranjinha, a soda gasosa e o
guaraná, num galpão situado na Rua Silva Guerra, número 252, no centro da
cidade. O nome da indústria foi uma homenagem ao Hotel Artemis, da cidade de
São Paulo. Este hotel foi uma residência temporária dos irmãos Santiago.
Tive a oportunidade de conversar com um dos filhos do fundador Carlos
Santiago, Antônio Carlos. Toninho, como gosta de ser chamado, me contou que os
irmãos Santiago produziam refrigerantes de nome Baby, desde 1955, na Fábrica de
Bebidas Araxaense, na cidade de Araxá, na Rua Manoel Francisco, 144. Com a
construção da cidade de Brasília por JK, na década de 1950, os irmãos decidiram
se mudar para Patos de Minas por entenderem que ali seria uma rota estratégica
e mais próxima da nova Capital. Seguindo aquela intuição, em 1959, os irmãos
Santiago abriram uma nova indústria genuinamente de alma Patense.
Apesar de produzirem unicamente refrigerantes, o tino comercial no
segmento de bebidas se destacava no mercado. Os empresários tinham o dom. Em
virtude disso, a empresa passou a vender cervejas, por meio de uma
representação comercial de uma linha de produtos da Companhia CervejariaAntarctica, de Ribeirão Preto. Para tanto, foi criada a Antarctica Santiago
Cia. Ltda..
O sucesso da empreitada foi surpreendente. O movimento operacional
cresceu de forma a escalonar ao ponto da Antarctica Santiago ter se tornado a
terceira maior arrecadadora de impostos do município de Patos, no mês de
novembro de 1977.
O negócio estava realmente indo de vento em
popa. Entretanto, na década de 1980, um fato curioso aconteceu. Antônio Carlos
me confidenciou que, quando a Cia. Antarctica comprou a fábrica da família
Bessone, na cidade de Pirapora, em 1973, parte da demanda que sobrecarregava a
unidade fabril de Ribeirão Preto foi transferida para a unidade de Pirapora.
Consequência disso, as cervejas Pilsen ofertadas pela Companhia Antarctica em
Patos de Minas, tinham como origem a cidade do Velho Chico. Devido ao fato de
as águas de Pirapora, do Rio São Francisco, serem diferentes das águas de
Ribeirão Preto, a clientela percebeu uma certa diferença no sabor da cerveja.
Naturalmente, a reclamação dos fregueses repercutiu na distribuidora dos
Santiago e foi espalhada por toda a cidade. Foi um rebuliço geral!
Com muito denodo, foco e trabalho, a Artemis funciona até os dias de
hoje e suas operações focadas na fabricação de refrigerantes estão a todo
vapor. Quem sabe a família Santiago não se anima a produzir a sua própria
cerveja num futuro próximo?"
Sobre o nome: Ártemis é uma deusa da mitologia grega, associada à caça, à
vida selvagem, à castidade, à vegetação e ao parto. Era também a protetora das
mulheres, das crianças e dos nascimentos.
Ártemis era filha de Zeus e Leto, e irmã gêmea de Apolo. Era
uma das divindades mais populares da Grécia Antiga. Na mitologia romana,
Ártemis é conhecida como Diana.
Adorei o artigo. Lembrou meus tempos do refrigerante quando tomava quando criança.
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