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quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Mercado Internacional de Cervejas 2024

 


Cervejaria famosa fecha fábricas e faz demissão em massa

Terceira maior cervejaria do mundo está passando por problemas financeiros

Por Redação ND,Joinville 11/11/2024 às 18h00 -

A Molson Coors Beverage Company, terceira maior cervejaria do mundo, iniciou um processo de reestruturação com grandes cortes de empregos e o fechamento de algumas fábricas nos Estados Unidos. Entre as unidades afetadas está uma cervejaria com mais de 150 anos de tradição.

A maior das fábricas que será fechada é a Jacob Leinenkugel Brewing Company, em Chippewa Falls, Wisconsin. Fundada em 1857, a cervejaria é um ícone da região, empregando cerca de 120 pessoas e produzindo anualmente aproximadamente 185 mil barris de cerveja. 

O fechamento da unidade, previsto para o início de 2025, terá um impacto significativo na comunidade local. A Leinenkugel 10th Street Brewery, em Milwaukee, também será desativada. Apesar de ser em menor escala, a cervejaria também representa uma parte importante da operação da Molson Coors no estado do Wisconsin.




Cervejaria registra queda nas vendas

A Molson Coors registrou uma queda de 7,8% nas vendas líquidas no terceiro trimestre de 2024, o que motivou a cervejaria a revisar as operações e adotar medidas de corte para enfrentar o cenário desafiador do mercado.

Sobre a família empresária

Em maio de 1867, a cervejaria da família Leinenkugel foi fundada em Chippewa Falls, Wisconsin, por Jacob Leinenkugel. Ele era um homem de família movido por uma ética de trabalho com ferro e sabia que sua herança familiar alemã seria parte integrante do sucesso de sua cervejaria. Hoje, os membros da família da sexta geração estão envolvidos na empresa, ajudando a levar as mesmas receitas de inspiração familiar nas quais Jacob dedicou seu coração e alma aos consumidores de todo o país. Ao longo dos anos, a família cresceu e a nossa cervejaria também, mas a  história e herança permanecem na vanguarda.



Fonte e mais informações: https://ndmais.com.br/economia/cervejaria-famosa-fecha-fabricas-e-faz-demissao-em-massa/

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Marco Falcone

Um dos pioneiros da cerveja artesanal, Marco Falcone tornou-se referência na produção da bebida

Por Eduardo Tristão Girão

Outro dia, folheando Craft beer world, livro do especialista em cerveja Mark Dredge, Tiago Falcone exclamou com espanto: “Que isso, pai?! Você viu isso aqui?”. O jovem de 28 anos, hoje mestre-cervejeiro da Beavertown, na Inglaterra, é filho de Marco Falcone, um dos pioneiros da cerveja artesanal em Minas Gerais e figura central deste movimento no país, à frente da Falke Bier. Da sua fábrica, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, sai a Monasterium, cerveja refinada (e premiada) que mereceu estar entre as 350 melhores do mundo, na opinião do tal autor gringo.

Esse é apenas um dos vários exemplos que comprovam, no papel, aquilo que pode ser observado na prática: Marco Falcone se transformou numa espécie de “paizão” dos cervejeiros brasileiros (dos que fazem e dos que bebem) e sua fama já chegou ao exterior, graças à forma generosa com que se dedica a difundir conhecimento e a defesa apaixonada do setor. Ele também é citado em outras obras importantes, como Mastering homebrew (cujo autor, Randy Mosher, se refere a ele como “xamã”) e The world atlas of beer, lá fora, e Cervejas, brejas e & birras e Brasil Beer, no Brasil.

Recentemente, num dos vários eventos cervejeiros de que participa Brasil afora, Falcone foi ao banheiro e, lá chegando, ouviu: “Pô, tô mijando ao lado do Marco Falcone!”. Ele acha graça de situações como essa e garante reagir sempre com bom humor e humildade. Tudo porque ele tem uma missão na cabeça: “Quando começamos, em 2004, não tínhamos a menor chance no mercado, pois as grandes cervejarias aniquilavam tudo. A partir do momento em que começamos a ensinar cerveja, tudo mudou. Fundamos confrarias e associações de cervejeiros caseiros aqui e em outros estados”. 
Ele conta que duas gigantes cervejeiras, Ambev e Brasil Kirin, já lhe procuraram para tentar comprar sua fábrica, propostas que ele assegura ter negado. “Faço o que quero. Hoje (quinta passada), por exemplo, vou participar de um grupo que vai beber só cervejas ácidas. Este ano, já viajei para vários lugares e, semana que vem, vou ao Espírito Santo para falar com o governo de lá, que implementará programa voltado à cerveja especial. Aliás, estou num projeto do governo mineiro que pretende transformar BH num polo mundial de cerveja. Estou disponível para essas coisas”, justifica.

A ordem é articular. Membro da diretoria do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas do Estado de Minas Gerais, Falcone também divide o tempo como professor na Escola Superior de Cerveja e Malte (Blumenau, SC), o Science of Beer Institute (Florianópolis, SC) e a Academia Sommelier de Cerveja, que fundou com outra expert do ramo, a jornalista Fabiana Arreguy, na capital mineira. Desde 2011, a dupla já formou cerca de 350 profissionais em cursos regulares e a décima turma está prestes a começar. Não raro, aparecem na cidade interessados vindos de longe para aprender – o último veio do Piauí.

“O sommelier de cerveja precisa ser, antes de tudo, um contador de história. É assim que se atrai as pessoas e que elas vão confiar no que você faz. Não estou aqui só para vender cerveja, mas para difundir cultura e fazer apologia do ideal ‘beba menos, beba melhor’”, diz. E, antes de qualquer comentário a respeito, emenda: “A cerveja, além de repor 37% das nossas necessidades alimentares, é uma bebida saudável, rica em vitaminas do complexo B, com teor alcoólico baixíssimo, promove alegria, azeita as relações, é o maior lubrificante social conhecido. Como diria Plutarco na Grécia antiga, ‘ela aumenta e alimenta as amizades’. Isso é cerveja”.

MEIA CALÇA - Não havia qualquer tradição na família de Falcone, que completará 53 anos neste sábado, em se tratando de cerveja. Ele sempre apreciou a bebida, mas resolveu cortá-la quando o primeiro dos três filhos, Tiago, nasceu. “Eu tinha 23 anos, era recém-casado e estava numa dureza danada. Precisava comprar leite e fralda”, lembra. Entretanto, amigos lhe disseram que havia na cidade um médico que costumava trazer matérias-primas da Alemanha para fazer cerveja em casa, o que significava, na prática, beber pela metade do preço. Foi assim que começou a fazer cerveja, no sítio dos pais, onde hoje está a Falke Bier.

“Todo mundo que viajava trazia livros ensinando a fazer cerveja para mim. E eu também inovava, né? Desenvolvi técnica de torrar malte em forma de pizza, dentro do forno doméstico mesmo, por exemplo. Além disso, reparei que todo fim de semana minha ex-mulher furava uma meia calça. Passei a usá-las de filtro para separar o bagaço do malte da parte líquida. Meus amigos apelidaram minha cerveja de ‘Vivarina’”, conta. No fim dos anos 1980, o “médico-fornecedor” se mudou da cidade e deixou “órfãos”, mas a semente da cultura cervejeira havia sido plantada.

Em 2000, quando ainda atuava como representante de empresa de medidores de energia, foi trabalhar numa feira do setor em Hanover, na Alemanha. Obviamente, foi beber cerveja na primeira oportunidade. “No primeiro gole, percebi que era igual a que eu fazia aqui. A gente achava que o que era bom era a Brahma, Skol e Antarctica. A minha, que ninguém conhecia, era considerada mais ou menos. Quando vi que a cerveja alemã era como a minha, peguei minha grana de reserva e passei três meses lá. Fui visitar cervejarias na Alemanha toda e em outros países da Europa”, lembra.

Retornou à cidade alemã nos três anos seguintes, sendo que, no último, voltou com o projeto da sua própria cervejaria na mala. Convenceu os irmãos Ronaldo (que tinha loja de conserto de moto) e Juliana (que trabalhava como secretária) a chutar o balde e usar as reservas da família para erguer a fábrica. Viraram sócios e começaram a vender o que, 12 anos atrás, era pouco difundido no estado: chope puro malte, sem adição de cereais não maltados como milho e arroz, usados pelas grandes marcas que dominam o mercado.

Com o tempo, o trio diversificou as receitas, ampliou os pontos de venda e apostou em garrafas. Pouco a pouco, vieram prêmios, como o Tecnobebida, de 2008, conferido à Monasterium, cerveja inspirada em receita de monges do século 19, maturada numa adega subterrânea e ao som de canto gregoriano, considerada o produto mais inovador do ano entre centenas de vinhos, cachaças, águas e outras cervejas. “Somos a primeira cervejaria brasileira a arrolhar cerveja numa garrafa de champanhe”, acrescenta Falcone. A propósito, também é deles a cerveja nacional mais cara do mercado, a Vivre pour Vivre, feita com jabuticaba e vendida a cerca de R$ 300.

Atualmente, a fábrica passa por ampliação e, em seis meses, a produção passará de 20 mil para 70 mil litros por ano. Paralelamente, dois de seus filhos solidificam a tradição cervejeira iniciada pelo pai: ano que vem, Tiago partirá para viagem de bicicleta produzindo cerveja ao longo de dois anos pela Europa, Estados Unidos e Ásia; por sua vez, Max, de 19 anos, é vendedor da Casa Olec (que comercializa insumos cervejeiros) e já dá aulas de fabricação caseira de cerveja. Ele não tem dúvida: “Se não agirmos, as grandes cervejarias vão botar uma pá de cal na gente”.

Em tempo, o cineasta Helvécio Ratton tem visitado a cervejaria de Falcone e há possibilidade de que seja feito um filme sobre o movimento cervejeiro nos moldes do que foi feito sobre o queijo minas artesanal.


quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Mercado de Cervejas


Com o copo cheio

Carla Aranha, da  Fotos: Daniela Toviansky / EXAME PME

O consumo de cervejas especiais cresceu 36% nos últimos três anos no Brasil. Conheça quatro empresas emergentes que estão ganhando espaço nesse mercado


São Paulo - O Brasil é o terceiro maior mercado de cervejas do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da China. No ano passado, 13 bilhões de litros da bebida foram consumidos por aqui — e o setor movimentou cerca de 55 bilhões de reais, quase 60% mais do que em 2009.
Que o brasileiro gosta de uma cervejinha não é nenhuma novidade. O que tem ganhado força nos últimos anos é a presença de cervejas especiais nas prateleiras. Cerveja especial — também conhecida como artesanal ou premium — é a que leva 100% de malte em sua composição. O que a difere da cerveja comum é que não há milho em sua fórmula.
consumo de cervejas especiais aumentou 36% nos últimos três anos no país, segundo a consultoria britânica Mintel, que faz pesquisas sobre o mercado de bebidas. “Esse é um nicho especialmente atraente para empreendedores da cadeia cervejeira”, afirma Jonny Forsyth, analista global de bebidas da Mintel.
A seguir, conheça a história de quatro empresas emergentes que já estão aproveitando o aumento do interesse dos brasileiros por cervejas especiais.
Cervejas para todos os gostos
A cidade de Rehoboth Beach, no estado americano de Delaware, tem menos de 2.000 habitantes e seu principal ponto turístico é uma praia de areia batida e escura. Em boa parte do ano o clima é frio — e nada de muito emocionante acontece por lá.
Mesmo assim, o empreendedor paulista Humberto Ribeiro, de 31 anos, adora visitar o lugar. Rehoboth Beach é o berço da cervejaria Dogfish Head, um dos xodós dos apreciadores de cervejas especiais.
“A empresa foi fundada há quase 20 anos e, embora tenha crescido bastante, ainda mantém a tradição das bebidas artesanais”, diz Ribeiro. Além da Dogfish Head, Ribeiro gosta de visitar a cervejaria Stone, que fica em Escondido, na Califórnia, quase na divisa com o México.
“Costumo passar horas nos pubs que essas empresas mantêm junto às suas fábricas”, diz ele. “Gosto de apreciar uma boa cerveja enquanto leio sobre a história das marcas.”
Nessas andanças, Ribeiro conheceu boa parte dos fornecedores da Mr. Beer, rede de lojas de cervejas especiais fundada por ele em 2009. Desde o início, a Mr. Beer expande pelo sistema de franquias. Atualmente há 80 unidades, contando as lojas de rua e os quiosques em shopping centers, espalhadas por todas as regiões do país.

Quem entra numa Mr. Beer encontra 400 marcas diferentes de cerveja. Cem delas não são vendidas em nenhuma outra loja brasileira. É que dois anos atrás, Ribeiro se tornou sócio da importadora Casa da Cerveja, o que garantiu alguns contratos de exclusividade com marcas estrangeiras. Há também uma linha de acessórios para presente, como abridores, copos especiais para cerveja e baldinhos para manter a bebida gelada.
Em 2013, a Mr. Beer alcançou receitas de 36 milhões de reais, mais do que o dobro de 2012. Em média, as lojas que já existiam em 2012 faturaram 20% mais em 2013. “Estamos crescendo em número de lojas e em faturamento por unidade”, afirma Ribeiro.
Uma pesquisa da consultoria britânica Mintel, realizada em abril deste ano, confirma o interesse por cervejas como as que são vendidas na Mr. Beer. Um quarto dos brasileiros que compram cerveja pelo menos uma vez por mês prefere bebidas com sabor mais encorpado do que o das marcas de maior presença nas prateleiras do supermercado.
Entre os mais jovens a aceitação é ainda maior. Quase 35% dos consumidores até 24 anos preferem cervejas mais fortes. “Parte dessa geração formou seu paladar numa época em que as cervejas artesanais já não eram uma novidade reservada apenas a quem viajava para o exterior com frequência”, diz Jonny Forsyth, analista da consultoria Mintel.
“Os jovens consumidores e a classe média emergente devem impulsionar o avanço do mercado brasileiro de cervejas especiais nos próximos anos.”
A Mr. Beer está se adaptando para receber cada vez mais clientes curiosos em conhecer as cervejas especiais. Em suas lojas, Ribeiro está tentando dar à bebida um ar de sofisticação similar ao que as adegas atribuem ao consumo de vinho. Recentemente, espaços gourmet foram inaugurados em duas lojas de rua em São Paulo. Lá são oferecidos petiscos e comidas que combinam com cerveja.
A rede de padarias paulista Benjamin Abrahão foi a responsável pela elaboração do cardápio, que conta com opções salgadas, como linguiças artesanais e pães recheados com queijo emental, e doces, como cheesecake de amora. “O objetivo é fazer os clientes descobrirem um novo jeito de apreciar a cerveja”, diz Ribeiro.
“Nossa intenção é que eles provem as combinações e comprem as bebidas que mais gostaram para consumir em casa.” Tem funcionado. Em média, os clientes permanecem quatro vezes mais numa loja gourmet do que numa unidade tradicional da Mr. Beer. “Os clientes que frequentam os espaços gourmet gastam até 30% mais do que quem visita uma loja comum”, diz Ribeiro.
Avanço com o pequeno varejo
O administrador Marcelo Carneiro da Rocha, de 54 anos, é uma das figuras mais conhecidas de Ribeirão Preto, cidade do interior paulista onde vive desde a mocidade. Todos os anos, Rocha organiza um animado bloco de Carnaval que percorre as ruas do centro. O bloco, que se chama O Berro, só toca marchinhas carnavalescas como A Turma do Funil, Cachaça Não É Água e Chiquita Bacana.

“Faço questão de sair dançando em cima do caminhão de som junto com meus amigos”, diz ele. Passada a Quarta-Feira de Cinzas, Rocha não sossega. Pelo menos uma vez por mês, num sábado à noite, ele monta um bar dentro de um dos cinemas mais tradicionais de Ribeirão Preto, o Caium, construído nos anos 60 e recentemente restaurado.
Na ocasião, serve aos espectadores algumas cervejas de sabores diferentes, como rapadura e café. As bebidas são prata da casa — a fabricação é da Colorado, cervejaria fundada por Rocha em 1995 e que se tornou um símbolo da cidade.
No ano passado, a Colorado faturou 13 milhões de reais, 60% mais do que em 2012. Sua expansão é a prova de que a demanda por cerveja especial está aumentando — e que há um novo mercado ganhando forma no Brasil. Entre 2011 e 2013, enquanto a Colorado dobrou de tamanho, a produção de cervejas artesanais cresceu 15% no país — um acréscimo de 50 milhões de litros.
No mesmo período, a fatia ocupada pelas bebidas artesanais na produção total de cerveja pulou de 3,5% para 4%. “É um acréscimo importante, sobretudo porque a produção total não cresceu nesse período”, afirma Jonny Forsyth, analista da Mintel.
Em 2014, a Colorado deverá alcançar receitas de 16 milhões de reais. A empresa chegou até aqui graças a uma série de mudanças que ocorreram com mais intensidade nos últimos dois anos. Na metade dos anos 90, quando produzir cerveja artesanal ainda era um capricho, a Colorado era só um passatempo de Rocha.
Era ele mesmo quem testava as fórmulas num panelão comum no fogão de sua casa. “Eu também comprava as garrafas e era o responsável por convencer os varejistas locais a vender a bebida”, diz Rocha. Por muitos anos, a empresa cresceu conforme o fôlego de seu dono.
Não é mais assim. Desde 2012, a Colorado passou por uma reestruturação em suas áreas mais estratégicas. Executivos e mestres cervejeiros com experiência em grandes empresas de bebida foram contratados para profissionalizar o negócio. O primeiro choque aconteceu na produção, que ganhou novos parâmetros de controle de qualidade.
Em geral, as pequenas cervejarias têm dificuldade em manter a padronização da bebida, cuja produção requer um acompanhamento constante de certas condições físicas — como a temperatura dos tanques em que a cerveja é feita — e um controle rígido das condições de armazenamento dos ingredientes. Rocha investiu num novo sistema de refrigeração para os tanques e criou normas mais rigorosas para testar amostras de insumos como malte e lúpulo.
As novidades permitiram à empresa aumentar sua produção em 60% em dois anos — hoje, a fábrica produz cerca de 120.000 litros de cerveja por mês. As perdas por falta de controle de qualidade praticamente acabaram. “Antes das mudanças, cerca de 20% do produto acabava indo para o ralo antes mesmo de sair da fábrica”, diz Rocha.
Faz parte dos planos da empresa transferir a produção para um galpão com o dobro do tamanho do atual, que mede 1.200 metros quadrados. A meta é expandir a produção em 40% até 2016. “Estamos com objetivos bem agressivos de expansão porque a demanda está em alta”, afirma Rocha.
Parte dessa procura tem se concentrado em empórios, mercadinhos de bairro, adegas e lojas gourmet. O número de estabelecimentos do pequeno varejo aumentou 3% nos últimos dois anos, de acordo com a Nielsen — entre 2011 e 2013, quase 14.000 lojas desse tipo foram abertas no Brasil.
“O pequeno varejo é uma das áreas mais promissoras para o crescimento de produtos especiais, como a cerveja artesanal”, diz Giovana Fisher, diretora da consultoria Kantar Worldpanel. “É lá que os fabricantes conseguem negociar as melhores margens de lucro.” De acordo com prognósticos da Mintel, o setor cervejeiro em geral deverá expandir 54% até 2019.
“As cervejas artesanais devem ganhar cada vez mais importância”, diz Forsyth. “Clientes que se habituam a consumir bebidas premium podem até diminuir a frequência de compra em momentos de aperto, mas dificilmente deixam de consumir os produtos mais sofisticados.”
Para aproveitar esse momento, a Colorado reforçou sua identidade. A marca foi redesenhada para destacar as garrafas na prateleira de empórios e lojas especializadas. Os rótulos trazem um nome para cada tipo de cerveja — a Vixnu, que tem notas de maracujá, é uma homenagem a um deus hindu, e a Appia, que quer dizer abelha em latim, traz mel em sua composição. Todas as garrafas são estampadas com a imagem do urso que se tornou a mascote da empresa.
A nova linguagem ajudou a fortalecer a marca enquanto a distribuição foi expandida. Hoje as cervejas da empresa estão em mais de 8.000 pontos de venda — o dobro de 2012. O resultado foi alcançado graças a um esforço para padronizar os preços no atacado. “Até dois anos atrás, não havia uma política de precificação clara e muitos distribuidores praticavam margens diferentes”, diz Rocha.
“Isso fazia com que o preço de um mesmo produto variasse conforme o lugar.” Depois que os valores foram tabelados, a Colorado passou a dar prêmios como incentivo para quem se esforça para vender mais.
O mais cobiçado é uma viagem para Montreal, no Canadá, onde todos os anos acontece uma importante feira do setor cervejeiro. “Depois da viagem, eles voltam bem mais animados e vendem mais”, diz Rocha.
Fábrica de sommeliers
Heitor Silva Beer Sommelier
O paulista Estácio Rodrigues, de 36 anos, não faz cara feia para provar nenhum tipo de cerveja — mesmo as que não parecem muito saborosas. “Já provei cerveja que leva suco de pêssego, de uva e com aroma de rosas”, diz ele. “Algumas são ótimas, mas outras, intragáveis.” São ossos do ofício.
Rodrigues precisa experimentar todas as invenções dos alunos do Instituto da Cerveja, escola que ele fundou em São Paulo para formar sommeliers e mestres cervejeiros.
Os clientes são pessoas interessadas em fazer cerveja em casa, donos de microcervejarias artesanais em fase de expansão, funcionários de bares e restaurantes e profissionais que trabalham em grandes indústrias de bebidas. Neste ano, a empresa deverá faturar 1,1 milhão de reais — 30% mais do que em 2013.
Um desses alunos é o engenheiro Renato Bazzo, de 30 anos, sócio da microcervejaria Dama Bier, de Piracicaba, no interior de São Paulo. Desde 2012, quando participou das primeiras aulas, Bazzo lançou sete novos sabores da Dama Bier, que hoje possui dez rótulos em seu portfólio.
“No curso aprendi não só a criar novas receitas como também a entender as necessidades do mercado e a identificar tendências de consumo”, diz Baz­zo. Além de São Paulo, há aulas em Curitiba e Blumenau, em Santa Catarina.
“Fizemos uma parceria com a Associação Brasileira de Sommeliers e damos os cursos nas sedes dessas cidades”, diz Rodrigues. “Já formamos mais de 1.000 profissionais.”
O Instituto da Cerveja nasceu em 2011, quando Rodrigues se juntou ao químico Alfredo Ferreira, de 38 anos, e à engenheira de alimentos Katia Zanatta, de 32. Todos largaram o emprego na Brasil Kirin, antigo Grupo Schincariol, para aproveitar a formação de um nicho que naquela época começava a ganhar importância na indústria nacional.
Segundo o Grupo Mintel, no ano em que os sócios fundaram o Instituto da Cerveja, as linhas especiais ganharam quase 1 ponto percentual de participação nas vendas totais da bebida no Brasil. Antes de fundar a empresa, Rodrigues passou um ano viajando pela Itália para estudar o mercado de cervejas artesanais.
“Lá aprendi a fabricar minha própria cerveja e a harmonizá-la com diversos tipos de comida”, diz Rodrigues. “Percebi que aquilo poderia se tornar um negócio de futuro no Brasil.”
Enquanto trabalhavam na Brasil Kirin, Rodrigues, Ferreira e Katia viram de perto como as cervejas artesanais começaram a interessar às grandes empresas do setor. A própria Brasil Kirin é um exemplo disso. Entre 2007 e 2008, a empresa comprou três marcas de cerveja premium — a carioca Devassa, a paulista Baden Baden, de Campos do Jordão, e a catarinense Eisenbahn, de Blumenau.
“Foi um movimento estratégico para atender um consumidor que estava começando a experimentar cervejas especiais”, diz Marcelo Trez, diretor de produtos alcoólicos da Brasil Kirin. “As vendas dessa categoria têm crescido mais de 10% ao ano em nossa empresa, o que não é nada mau.”
As grandes indústrias do setor têm procurado o Instituto da Cerveja para criar novas linhas do produto. A escola já recebeu funcionários de cervejarias como Brasil Kirin, Heineken e Grupo Petrópolis.
“As grandes empresas têm nos procurado para tentar entender as características desse nicho de mercado”, diz Rodrigues. “A tendência é que as linhas especiais passem a fazer parte dos planos de expansão de quem até hoje só cresceu com cerveja comum.”
Bebidas à moda caseira
Pelo menos uma vez por mês, o administrador Thiago Rocha, de 30 anos, reúne três ou quatro amigos para uma cervejada de sábado. A programação é um tanto diferente. Eles montam uma pequena tenda na avenida Barão de Itapura, uma das vias mais movimentadas de Campinas, e começam a produzir a própria bebida.
Quem passa pelo local pode sentir o cheiro da cerveja saindo dos panelões que parecem ter saído de um conto sobre alquimistas. Os mais curiosos ganham um copinho com uma amostra da cerveja produzida no mês anterior, já fermentada e engarrafada.
“Somos apaixonados por uma cervejinha e fazemos isso para mostrar para as pessoas como é possível fazer uma bebida com um toque pessoal”, diz Rocha. “Queremos espalhar a cultura cervejeira pela nossa região.” Rocha compra os ingredientes para seus experimentos na Lamas Brew Shop, criada em 2011 para vender insumos e utensílios para quem quer fazer cerveja caseira.
Numa das três lojas, mantidas em Campinas, Belo Horizonte e São Paulo, é possível encontrar ingredientes como malte, lúpulo, fermento e utensílios como panelas de inox, termômetros e borrifadores de álcool. A empresa também mantém uma loja virtual. Em 2013, o faturamento foi de 2,5 milhões de reais, mais do que o dobro do ano anterior.
A Lamas Brew Shop foi fundada pelo economista Alessandro Morais, de 39 anos, e por outros dois sócios — os físicos David Figueira, de 34 anos, e Elso Rigon, de 35. Os três se conheceram quando estudavam na Unicamp e organizavam churrascos regados a cervejas que eles mesmos fabricavam. “Era difícil encontrar ingredientes em pequenas quantidades”, diz Morais. “Vimos nessa dificuldade a oportunidade ideal para criar nossa própria empresa.”
Hoje, a Lamas Brew Shop vende insumos para quem quer testar receitas de cerveja em embalagens de até 100 gramas. No começo, foi difícil acertar o fluxo de caixa para comprar grandes cargas de insumos e vendê-los em pequenas quantidades. “A maior parte dos ingredientes vem de fora e é preciso comprar um contêiner de 20 toneladas de uma só vez”, diz Morais.
Ele e seus sócios investiram 180 mil reais para adaptar um galpão às condições de armazenamento das cargas de lúpulo e malte e para financiar o capital de giro necessário para iniciar a operação. “Hoje conseguimos girar nosso estoque em três meses, o que nos permite ter um bom controle das finanças”, diz ele.
No ano que vem, a Lamas Brew Shop deverá abrir pelo menos mais duas lojas físicas, no Rio de Janeiro e em Vitória. Demanda não falta, já que o hábito de fazer cerveja na panela e no fogão de casa para consumo próprio vem se disseminando entre os brasileiros nos últimos anos.
Só no primeiro semestre deste ano, a Associação de Cervejeiros Artesanais Paulistas, uma das mais ativas do país, dobrou o número de filiados em relação ao ano passado. “Devemos chegar a 400 associados até o fim do ano”, diz João Ricardo Zugliani, presidente da entidade. “Nunca tivemos tanta procura como agora.”

Fonte: PME
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domingo, 6 de outubro de 2013

Brasil Bier



Mercado de cervejas artesanais anima representantes do setor

Variedade de rótulos e fórmulas pode satisfazer os mais diversos paladares
por Raphael Salomão, de São Paulo (SP)

Semy Oliveira é uma daquelas pessoas que pode dizer que trabalha com algo pelo que é apaixonada. Com formação em degustação de vinhos, deixou o ramo para se dedicar a outra bebida: a cerveja. “Fiquei encantada porque adoro”.

Atualmente, Semy gerencia uma loja de cervejas artesanais no tradicional Mercado Municipal, no centro de São Paulo, o conhecido Mercadão. O estabelecimento pertence a uma empresa com outras bancas no local. A loja de cervejas foi aberta há quase um ano. Semy garante que já passaram pelas prateleiras cerca de 400 rótulos nacionais e importados. “Temos novos rótulos a cada dia. O mercado é um local conhecido pela variedade de iguarias e a cerveja também é um estímulo a mais”, afirma.

A gerente conta ainda que boa parte dos clientes gosta de beber no próprio local e, depois, acaba levando algum produto para casa. As tradicionais belgas ainda são as preferidas, mas a procura está cada vez mais diversificada. A clientela ainda é predominantemente masculina, mas ela garante que as mulheres estão gostando mais. “As que gostam, gostam mesmo, de todos os estilos. Quando é para começar, geralmente a gente oferece uma mais leve, mais adocicada”.

A aposta da empresa nas cervejas artesanais reflete a realidade de um mercado em crescimento no país, afirma Luiz Vicente Mendes, diretor comercial da Brasil Bier, feira que reúne algumas das principais microcervejarias do país.

O próprio Mendes, acreditando no bom momento, está ampliando a própria produção, que ele diz ainda ser “caseira”. Começou com 20 litros semanais. Atualmente produz 100, a maior parte para consumo próprio e entre amigos.

Mas já tem projeto de aumentar a escala e levar sua marca para o mercado. Em um primeiro momento, pretende utilizar uma instalação já existente. Enquanto isso, pretende ampliar as próprias instalações até ter capacidade de atender a demanda do mercado. “A montagem da fábrica leva tempo. Desse jeito, eu consigo comercializar meu produto mais rápido”, explica o cervejeiro.

Considerando a bebida artesanal e a produzida em escala industrial, o Brasil é o terceiro maior consumidor mundial de cerveja, segundo Mendes. O consumo é calculado em 10,4 bilhões de litros por ano, atrás dos americanos (10,7 bilhões) e dos chineses (14 bilhões).

Segundo Luiz Vicente Mendes, são 242 fabricantes brasileiros, sendo 200 artesanais. Longe de países com mercado mais consolidado como os Estados Unidos que, em 30 anos saltou de 90 cervejarias para 2,48 mil, 90% delas com produção artesanal.

No Brasil, apesar de serem produzidos mais de 120 estilos de cervejas artesanais, elas representam apenas 5% do mercado, de acordo com dados do Ministério da Agricultura e de entidades representativas do setor, reunidos pela direção da Brasil Bier. “Mas o mercado está em um momento bom. O Brasil cresce com velocidade”, diz Luiz Vicente Mendes. Velocidade que, conforme o cervejeiro, levará o Brasil a ter cerca de 2,5 mil cervejarias em 20 anos.

Um crescimento que ocorre mesmo com uma carga tributária considerada excessiva, ressalta. Segundo ele, os impostos correspondem a 60% do valor do produto. “Mesmo com a tributação excessiva, está crescendo. O imposto alto inibe. Caso contrário, o crescimento do mercado seria bem maior”.

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