Mercado de cervejas artesanais anima representantes do setor
Variedade de rótulos e fórmulas pode satisfazer os mais
diversos paladares
por Raphael Salomão, de São Paulo (SP)
Semy Oliveira é uma daquelas pessoas que pode dizer que
trabalha com algo pelo que é apaixonada. Com formação em degustação de vinhos,
deixou o ramo para se dedicar a outra bebida: a cerveja. “Fiquei encantada
porque adoro”.
Atualmente, Semy gerencia uma loja de cervejas artesanais no
tradicional Mercado Municipal, no centro de São Paulo, o conhecido Mercadão. O
estabelecimento pertence a uma empresa com outras bancas no local. A loja de cervejas foi aberta há quase um ano. Semy garante
que já passaram pelas prateleiras cerca de 400 rótulos nacionais e importados.
“Temos novos rótulos a cada dia. O mercado é um local conhecido pela variedade
de iguarias e a cerveja também é um estímulo a mais”, afirma.
A gerente conta ainda que boa parte dos clientes gosta de
beber no próprio local e, depois, acaba levando algum produto para casa. As
tradicionais belgas ainda são as preferidas, mas a procura está cada vez mais
diversificada. A clientela ainda é predominantemente masculina, mas ela
garante que as mulheres estão gostando mais. “As que gostam, gostam mesmo, de
todos os estilos. Quando é para começar, geralmente a gente oferece uma mais
leve, mais adocicada”.
A aposta da empresa nas cervejas artesanais reflete a
realidade de um mercado em crescimento no país, afirma Luiz Vicente Mendes, diretor comercial da Brasil Bier, feira que reúne algumas
das principais microcervejarias do país.
O próprio Mendes, acreditando no bom momento, está ampliando
a própria produção, que ele diz ainda ser “caseira”. Começou com 20 litros
semanais. Atualmente produz 100, a maior parte para consumo próprio e entre
amigos.
Mas já tem projeto de aumentar a escala e levar sua marca
para o mercado. Em um primeiro momento, pretende utilizar uma instalação já
existente. Enquanto isso, pretende ampliar as próprias instalações até ter
capacidade de atender a demanda do mercado. “A montagem da fábrica leva tempo.
Desse jeito, eu consigo comercializar meu produto mais rápido”, explica o
cervejeiro.
Considerando a bebida artesanal e a produzida em escala
industrial, o Brasil é o terceiro maior consumidor mundial de cerveja, segundo
Mendes. O consumo é calculado em 10,4 bilhões de litros por ano, atrás dos
americanos (10,7 bilhões) e dos chineses (14 bilhões).
Segundo Luiz Vicente Mendes, são 242 fabricantes
brasileiros, sendo 200 artesanais. Longe de países com mercado mais consolidado
como os Estados Unidos que, em 30 anos saltou de 90 cervejarias para 2,48 mil,
90% delas com produção artesanal.
No Brasil, apesar de serem produzidos mais de 120 estilos de
cervejas artesanais, elas representam apenas 5% do mercado, de acordo com dados
do Ministério da Agricultura e de entidades representativas do setor, reunidos
pela direção da Brasil Bier. “Mas o mercado está em um momento bom. O Brasil cresce com
velocidade”, diz Luiz Vicente Mendes. Velocidade que, conforme o cervejeiro,
levará o Brasil a ter cerca de 2,5 mil cervejarias em 20 anos.
Um crescimento que ocorre mesmo com uma carga tributária
considerada excessiva, ressalta. Segundo ele, os impostos correspondem a 60% do
valor do produto. “Mesmo com a tributação excessiva, está crescendo. O imposto
alto inibe. Caso contrário, o crescimento do mercado seria bem maior”.
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