domingo, 6 de outubro de 2013

Brasil Bier



Mercado de cervejas artesanais anima representantes do setor

Variedade de rótulos e fórmulas pode satisfazer os mais diversos paladares
por Raphael Salomão, de São Paulo (SP)

Semy Oliveira é uma daquelas pessoas que pode dizer que trabalha com algo pelo que é apaixonada. Com formação em degustação de vinhos, deixou o ramo para se dedicar a outra bebida: a cerveja. “Fiquei encantada porque adoro”.

Atualmente, Semy gerencia uma loja de cervejas artesanais no tradicional Mercado Municipal, no centro de São Paulo, o conhecido Mercadão. O estabelecimento pertence a uma empresa com outras bancas no local. A loja de cervejas foi aberta há quase um ano. Semy garante que já passaram pelas prateleiras cerca de 400 rótulos nacionais e importados. “Temos novos rótulos a cada dia. O mercado é um local conhecido pela variedade de iguarias e a cerveja também é um estímulo a mais”, afirma.

A gerente conta ainda que boa parte dos clientes gosta de beber no próprio local e, depois, acaba levando algum produto para casa. As tradicionais belgas ainda são as preferidas, mas a procura está cada vez mais diversificada. A clientela ainda é predominantemente masculina, mas ela garante que as mulheres estão gostando mais. “As que gostam, gostam mesmo, de todos os estilos. Quando é para começar, geralmente a gente oferece uma mais leve, mais adocicada”.

A aposta da empresa nas cervejas artesanais reflete a realidade de um mercado em crescimento no país, afirma Luiz Vicente Mendes, diretor comercial da Brasil Bier, feira que reúne algumas das principais microcervejarias do país.

O próprio Mendes, acreditando no bom momento, está ampliando a própria produção, que ele diz ainda ser “caseira”. Começou com 20 litros semanais. Atualmente produz 100, a maior parte para consumo próprio e entre amigos.

Mas já tem projeto de aumentar a escala e levar sua marca para o mercado. Em um primeiro momento, pretende utilizar uma instalação já existente. Enquanto isso, pretende ampliar as próprias instalações até ter capacidade de atender a demanda do mercado. “A montagem da fábrica leva tempo. Desse jeito, eu consigo comercializar meu produto mais rápido”, explica o cervejeiro.

Considerando a bebida artesanal e a produzida em escala industrial, o Brasil é o terceiro maior consumidor mundial de cerveja, segundo Mendes. O consumo é calculado em 10,4 bilhões de litros por ano, atrás dos americanos (10,7 bilhões) e dos chineses (14 bilhões).

Segundo Luiz Vicente Mendes, são 242 fabricantes brasileiros, sendo 200 artesanais. Longe de países com mercado mais consolidado como os Estados Unidos que, em 30 anos saltou de 90 cervejarias para 2,48 mil, 90% delas com produção artesanal.

No Brasil, apesar de serem produzidos mais de 120 estilos de cervejas artesanais, elas representam apenas 5% do mercado, de acordo com dados do Ministério da Agricultura e de entidades representativas do setor, reunidos pela direção da Brasil Bier. “Mas o mercado está em um momento bom. O Brasil cresce com velocidade”, diz Luiz Vicente Mendes. Velocidade que, conforme o cervejeiro, levará o Brasil a ter cerca de 2,5 mil cervejarias em 20 anos.

Um crescimento que ocorre mesmo com uma carga tributária considerada excessiva, ressalta. Segundo ele, os impostos correspondem a 60% do valor do produto. “Mesmo com a tributação excessiva, está crescendo. O imposto alto inibe. Caso contrário, o crescimento do mercado seria bem maior”.

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