Mondial de La Bière no Brasil
Mente aberta para beber cervejas e experimentar novos sabores
O universo das cervejas especiais tem se expandido cada vez
mais no Brasil, com um aumento significativo de produção no país, como mostra a
apresentação de centenas de rótulos nacionais no Mondial de La Bière, que
terminou neste domingo no Rio de Janeiro.
Mas o grande desafio dos produtores nacionais é adequar o
paladar brasileiro às bebidas, que têm sabores mais fortes e encorpados, além
de teores mais altos do que a famosa "loira gelada".
A mestre cervejeira e sommelier de cerveja Cilene Saorin,
também curadora do evento, disse que para quem quer se aventurar no imenso
universo das cervejas, a exigência é só uma. "Mente aberta para experimentar novos sabores, conhecer
novas cervejas, provar gostos diferentes que à primeira vista podem até parecer
estranhos. Tudo isso para descobrir qual mais gosta", disse Cilene.
Os cerca de 650 rótulos que estão presentes no Mondial de LaBière foram uma amostra de quase todos os tipos de cerveja que existem no
mundo. "Das três grandes famílias: lagers, ale e lambic, as diferentes
combinações e graduações alcoólicas, temos hoje pelo menos 150 tipos de
cerveja", explicou a mestre cervejeira. (...)
(...) Além disso, o que se destaca em uma cerveja são as
notas e o combinado, o que, segundo Cilene, torna a cerveja uma bebida perfeita
para acompanhar qualquer tipo de refeição, até as sobremesas. "Existem
cervejas que levam adição de temperos, como coentro, café, cacau, notas
cítricas - como limão e laranja- , e a maneira como esses ingredientes se
harmonizam com o básico de uma cerveja: malte, lúpulo e água, é o que cria
combinações quase infinitas, que se adequam a qualquer refeição ou
circunstância".
Como exemplo, Cilene cita as cervejas escuras com notas de
cacau e café, como a Petroleum, da Wäls, que ganhou a medalha de platina de
melhor cerveja do evento, que combina perfeitamente com uma sobremesa.
Perguntada sobre quais tipos de cerveja o apreciador
"novato" deve começar, Cilene sugere os sabores mais leves. "As
de trigo, que são mais comuns no Brasil, como a weiss e a witbier são ótimas
para começar, por terem um teor de álcool mais leve e saírem do comum, além de
serem saborosas e refrescantes".
Para quem quem quiser ousar e buscar rótulos em garrafarias
e supermercados - que cada vez mais investem espaço para as cervejas especiais
- a sommelier dá algumas dicas. "Cervejas mais leves, de sabor menos amargo e teores alcoólicos
mais baixos, combinam com comidas mais leves, como saladas, peixes, frangos e
queijos menos gordurosos. E as mais pesadas, vermelhas, mais encorpadas, com
mais amargor, combinam com carnes, queijos fortes e comidas mais
temperadas".
Cilene reforça que a harmonização não é uma regra absoluta,
já que existem pessoas que tendem a aprimorar o paladar e escolher o seu
favorito. Como exemplo Cilene cita um. "O sabor amargo não é
natural, ele exige certa apreciação, como disse antes, é preciso estar de mente
aberta. Quando a gente se abre para novos sabores, podemos fazer descobertas
muito interessantes".
A regra para o bebedor de cerveja que quer se aproximar
desse enorme mundo é experimentar.
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