sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Mercado Internacional de Cervejas


    Por 
  • ROBIN VAN DAALEN
  •  e 
  • CLEMENS BOMSDORF
As cervejarias globais continuam lutando contra a fraca demanda na Europa e, pelo que tudo indica, não verão uma recuperação este ano, informaram a Heineken e a Carlsberg. Ambas anunciaram ontem que vão continuar cortando custos e procurando oportunidades nos mercados emergentes para impulsionar seus negócios.
Assim como a cervejaria belgo-brasileira Anheuser-Busch InBev BUD -0.25% e aSABMillerSAB.LN +2.17% sediada no Reino Unido, a Heineken e a Carlsberg foram afetadas pelas condições meteorológicas desfavoráveis e a baixa demanda na Europa Ocidental e nos Estados Unidos.
Bloomberg News
Para compensar o ambiente comercial difícil em mercados desenvolvidos, às voltas com problemas econômicos e tendências estruturais que prejudicam a demanda por cerveja, as maiores cervejarias do mundo têm abocanhado rivais na Ásia e na América Latina.
"Na Europa e nos EUA, a confiança do consumidor permanece baixa, agravada pelo mau tempo e pela desaceleração do crescimento em alguns países em desenvolvimento", disse o diretor-presidente da Heineken, Jean-François van Boxmeer, ao resumir as condições difíceis do primeiro semestre deste ano.
A terceira maior cervejaria do mundo em vendas, cujas marcas incluem, além da Heineken, a Amstel e a Sol, informou que não espera nenhuma alteração no ambiente de negócios na maioria de seus mercados no resto do ano, apesar de ter se beneficiado de um melhor clima de verão na Europa Ocidental em julho e de um aumento antecipado do volume em alguns mercados em desenvolvimento, como o México e a Nigéria.
A Carlsberg, quarta maior cervejaria do mundo em vendas, tem uma leitura semelhante. "Nos primeiros seis meses, o grupo alcançou crescimento dos lucros, apesar das condições de mercado desafiadoras na Europa Ocidental e Oriental", disse o diretor-presidente, Jorgen Buhl Rasmussen.
A Heineken divulgou queda de 7% no volume vendido na Europa Ocidental e de 6% na Europa Central e Oriental. Já a Carlsberg viu um declínio de 6% no volume na Europa Ocidental e de 7% na Rússia; na Europa Oriental como um todo, as vendas subiram ligeiramente, em 0,7%.
Enquanto a Carlsberg tem buscado se expandir pela Europa Oriental e Ásia, a Heineken se concentrou na Ásia e América Latina. Desde 2010, a Heineken já gastou mais de US$ 10 bilhões em aquisições para aumentar sua presença em mercados emergentes. Para compensar a desaceleração do crescimento no Ocidente, a Carlsberg voltou-se para a Rússia, que passou a ser seu maior mercado. Mas nos últimos anos, as vendas de cerveja caíram no país, afetadas por um plano do governo de reduzir o consumo de álcool.
Tanto a Heineken quanto a Carlsberg permanecem otimistas sobre as perspectivas para os mercados emergentes. "A maior parte desse 1,4 bilhão de euros (US$ 1,88 bilhão) [em investimentos] irá para mercados em desenvolvimento", disse Rene Hooft Graafland, diretor financeiro da Heineken. "Não esperamos uma reviravolta no curto prazo. Estamos construindo cervejarias novas na Etiópia e em Mianmar e estamos nos expandindo em países como Vietnã, Nigéria e México."
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A Carlsberg foi a primeira cervejaria ocidental a anunciar um investimento em Mianmar, no início do ano, e nos últimos anos o crescimento da empresa dinamarquesa foi gerado quase exclusivamente na Ásia. Enquanto a receita entre 2010 e 2012 cresceu em apenas 4,4% na Europa Ocidental e 7,2% na Europa Oriental, na Ásia o aumento foi de 62%.
A Carlsberg está presente apenas na Europa e na Ásia. Já a Heineken opera nos EUA, América Latina e África. Os volumes da Heineken caíram 1% no segundo trimestre e 2% no primeiro semestre, com declínios nos EUA, Brasil e México anulando ganhos no Caribe e Canadá.
O lucro líquido da Heineken no primeiro semestre caiu 17% ante um ano atrás, para 639 milhões de euros, mas o resultado de um ano atrás foi ajudado por ganhos ligados à venda de seus ativos na República Dominicana. A receita subiu 6,6%, para 9,35 bilhões de euros, graças em parte à aquisição da fatia que ainda não possuía da Asia Pacific Breweries, de Cingapura, um negócio de US$ 6,4 bilhões fechado em novembro.
A Carlsberg registrou um lucro líquido de 2,07 bilhões de coroas (US$ 372 milhões) no segundo trimestre, 38% menor que o obtido no mesmo período de 2012. As vendas subiram 1,6%, para 19,64 bilhões de coroas.
Além de focar em economias de maior crescimento para compensar o declínio em outras regiões, ambas as empresas estão cortando custos. A Heineken, por exemplo, elevou sua meta de redução de custos de 525 milhões de euros para 625 milhões até o fim de 2014.
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