Cervejas artesanais fora da geladeira: um reflexo da queda do poder aquisitivo e da mudança no consumo
Nos últimos anos, as cervejas artesanais conquistaram espaço
nas prateleiras dos supermercados, atraindo consumidores em busca de qualidade,
sabor diferenciado e experiência. No entanto, um fenômeno recente chama
atenção: enquanto permanecem nas gôndolas, as geladeiras — espaço premium para
bebidas prontas para consumo — são dominadas por marcas produzidas em larga
escala. Esse cenário revela muito mais do que uma simples preferência: é um
retrato da conjuntura econômica brasileira.
O espaço na geladeira: símbolo de consumo imediato
As geladeiras dos supermercados representam conveniência e
desejo imediato. Estar ali significa maior visibilidade e maior chance de venda
por impulso. Quando as cervejas artesanais não ocupam esse espaço, indica que o
consumidor médio está priorizando preço e praticidade, deixando de lado
produtos premium.
Fatores econômicos que explicam a mudança são a inflação
persistente: o aumento contínuo dos preços dos alimentos e bebidas pressiona o
orçamento familiar. Produtos considerados especiais, como cervejas artesanais,
são os primeiros a sair da lista. A queda do poder aquisitivo é outro fator. Os
salários não acompanham a inflação, e o consumidor busca otimizar gastos.
Atualmente há o agravante da inadimplência elevada. Com mais famílias
endividadas, há menos margem para consumo aspiracional. O preço das bebidas
também é outro fator: enquanto uma cerveja artesanal pode custar 3 a 5 vezes
mais que uma cerveja industrial, a diferença pesa no bolso. A briga entre as
marcas premium de larga escala, como Heineken, Spaten, para a manutenção do
market share, cria uma luta por espaço nas geladeiras, deixando as artesanais
sem lugar no freezer.
Mudança no comportamento do consumidor
O consumidor brasileiro, que antes buscava experiências
diferenciadas, hoje tem priorizado o custo-benefício. As marcas tradicionais
oferecem preços competitivos, promoções e embalagens econômicas, tornando-se a
escolha dominante. Há ainda uma mudança no perfil do consumidor quanto ao uso de bebidas alcóolicas. Há uma procura para produtos não-alcóolicos, de baixa caloria, ou ainda substitutos das cerveja, como bebidas prontas, conhecidas por RTD - Ready to Drink.
Impacto para o mercado de cervejas artesanais
Há uma certa redução de vendas em supermercados, observada
por um menor giro nas gôndolas e ausência nas geladeiras. O setor ainda sobrevive com a migração para nichos específicos, como lojas especializadas, bares
temáticos e e-commerce podem se tornar os principais canais. Nesse sentido, o
mercado vem apresentando uma demanda constante de adaptação, tendo como
estratégias o uso de embalagens menores, preços e promoções que aumentem a
acessibilidade e parcerias, como logística e compras conjuntas e serviços compartilhados entre parceiros cervejeiros, fusões e aquisições
no setor. Uma séria ações visado manter a sustentabilidade do negócio.
Para mitigar os riscos enfrentados pelos produtores de
cervejas artesanais, diante da queda do poder aquisitivo e da concorrência com
marcas industriais, é essencial adotar estratégias que combinem redução de
custos, inovação e diversificação de canais. A seguir estão algumas soluções
práticas:
Prezado Henrique, na minha opinião, a concentração do mercado para as bandeiras da Ambev tem levado à redução da qualidade percebida pelos consumidores. Por exemplo, as cervejas da marca Eisenbahn, que já foi uma marca independente e agora pertence à Ambev, perderam qualidade e reduziram o mix de produtos. Eu adorava as Eisenbahn Porter e Weiss, que foram descontinuadas. As Pale Ale e IPA foram mantidas mas parecem ter mudado de qualidade também, para pior.
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