Ubá recebeu diversos imigrantes no final século XIX, sobretudo famílias italianas para trabalhar na lavoura. Entre os pioneiros que iniciaram como agricultores e se tornaram empresários de destaque, está a família Fusaro. Luigi (Luiz) Fusaro, nascido em 1843 em Treviso, Veneto, desembarcou em Ubá em 1888, acompanhado da esposa Maria Piziolo Fusaro (1848) e dos sete filhos: Ângela, Sebastiano, Antonio, Ângelo, Giusepina, Giuseppe e Antonia.
Luigi começou como meeiro em fazendas de café. Com esforço e
economia, acumulou recursos e migrou para a cidade, onde abriu uma padaria. O
negócio prosperou e, logo, foi ampliado com um armazém de mantimentos. Em 1901,
Luigi passou a administração ao filho Antônio, nascido em 1873 e casado com
Maria Aspasia Cavaliere Fusaro, originária de Torre Orsaia, Campania.
Em 1907, já ostentando o título de Major — prática comum na
época —, Antônio associou-se a Joseph Codo e transformou o armazém em uma
empresa de atacado e varejo: Sociedade Antônio Fusaro & Cia. O
empreendimento cresceu rapidamente, tornando-se o maior estabelecimento
comercial de Ubá. Localizado ao lado da Praça Guido Marlièr, ocupava todo um
quarteirão da Rua XV de Novembro, entre a Rua São José e a Avenida Cristiano
Roças, com frente também para esta última.
A empresa vendia produtos de quase todos os gêneros e
expandiu suas atividades para a indústria: fábrica de massas de nome Macarrão
Santa Isabel, confecção de roupas, posto de gasolina e até uma casa bancária,
que impulsionou o comércio e a indústria locais. Paralelamente, surgiram outras
iniciativas: moinhos, torrefação de café, beneficiamento de cereais e uma
fábrica de bebidas, que além de produzir aguardentes, Anis, Genebra, Xaropes e
refrescos, continha a famosa Cervejaria Econômica. Esse conjunto de
empreendimentos marcou uma era de prosperidade e inovação para Ubá.
Na década de 1940, o químico Eugenio Auvray, foi o responsável em desenvolver a fórmula de um refrigerante sob a tutela da firma Antônio Fusaro & Cia. Criado com um toque único de chapéu-de-couro — uma erva tipicamente brasileira —, ele rapidamente conquistou os paladares locais, com o nome de Mineiro, que popularmente ficou conhecido por Mineirinho. (Há um segundo refrigerante em Ubá, de nome Abacatinho.)
Em 1946, a empresa mudou-se para o Ponto Cem Réis, em Niterói, no Estado do Rio de Janeiro. A Sociedade de Refrigerantes Fusaro funcionava à Rua Padre Augusto Lamego, 70, no Bairro São Lourenço. Em 1949, a Empresa alterou a sua Razão social, passando a ser reconhecido como Sociedade Industrial de Refrigerantes Flexa.
Na década de 1970, o empresário Hermógenes Ladeira tentou colocar o refrigerante na capital de Minas Gerais, por meio da Cia. Alterosa de Cervejas, porém sem sucesso. Seu refrigerante, o Guaraná Alterosa firmou-se, com uma embalagem de 1 litro, na cor ambar, silkada, sendo considerada o primeiro refrigerante "família" do Brasil.
Em 1978, devido à grande sensação do produto no mercado
Fluminense, tornou-se necessária a expansão da fábrica. O parque industrial foi
transferido para uma área de 24000 m², em São Gonçalo, a rua Clóvis Beviláqua,
285, Em Santa Catarina. Atualmente é dominada indústria de bebidas Flexa Limitada.
Dentro do mercado de bebidas mais especificamente de refrescos, o Mineirinho foi um dos primeiros refrigerantes vendidos em
embalagem PET, em 1989 — antes mesmo da Coca-Cola, que só adotou o modelo em
1991. E, apesar das propriedades medicinais da erva, a marca nunca se vendeu
como remédio: é refrigerante, puro e simples, sem sódio e feito de forma
tradicional.
Em 2024, os refrigerantes da marca Mineirinho, apareceram em Belo Horizonte, mais precisamente na rede de supermercados Villefort, em garrafas pet e em latas, nas versões tradicional e refrigerantes zero. Espero que venha outras marcas lendárias de refrescos gasosos de Minas para BH, o Guaranita, o Artemis e o saudoso Gato Preto.
Fotos: Redes Sociais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário