Venezuela
pode ficar sem cerveja em duas semanas
A falta de cerveja é reflexo da falta de dólares
preferenciais, que são liberados pelo governo venezuelano. Falta matéria-prima
para a produção da cerveja e da “malta”, uma bebida não alcoólica que é bastante
consumida por aqui, sobretudo por crianças e adolescentes. Há meses o governo
não facilita o crédito em moeda estrangeira às empresas, entre elas as
cervejarias, por isso elas não conseguem comprar no exterior os produtos
necessários a uma taxa de câmbio aceitável, o que origina a falta quase tudo no
país.
De acordo com o principal fabricante de cerveja do país, o
estoque de cevada, malte e lúpulo é suficiente para mais duas semanas de
produção. Depois não há previsão de quando será possível reabastecer as
empresas e saciar o público que aprecia uma cervejinha. Ou seja, agora em
agosto, que é um mês de férias, é alta a probabilidade de que falte cerveja no
país. Antes era possível comprar cerveja por engradado, mas agora as adegas só
vendem a bebida por unidade. Os fiéis consumidores da cerveja estão preocupados
já que, em um país onde o panorama é tenso, a bebida serve como um relaxante
momentâneo, ainda que pese no bolso.
Desde a última sexta-feira, o diretor geral da Federação
Venezuelana de Licores e Afins (Fevelif) está preso. Ele foi levado preso por
funcionários do Sebin (Serviço de Inteligência Bolivariana) dois dias após ter
anunciado que as distribuidoras de bebidas estão em "estado de emergência” e
que uma greve estava sendo organizada para quarta-feira desta semana.
Desemprego
A paralisação é motivada pela possibilidade da falta de
cerveja, que é o principal produto comercializado pelas bodegas do país. Outros
diretores da Fevelif informaram que Fray Loa possivelmente será apresentado
hoje ao tribunal, mas que até o momento desconhecem o motivo pelo qual o
diretor geral da Federação foi levado preso e tampouco de qual crime o acusam.
Antes de ser preso, Fray Loa informou que sete estados da Venezuela estão sem
cerveja e sem malta, e quatro fábricas de bebidas estão paralisadas.
Além da insatisfação do consumidor, há os reflexos
econômicos deste freio obrigatório no consumo. A escassez da bebida mais
popular do país pode acarretar no fechamento de fábricas de produção e também
no de 8 mil bodegas em todo o país. Sem contar com a perda de empregos
indiretos, ou seja, daqueles que trabalham no transporte do produto, nas
empresas produtoras de embalagens, no setor de bares e de restaurantes – estes
já bastante afetados pela falta de carne, farinha e outros produtos.
Por consequência, milhares de pessoas podem ficar
desempregadas justamente em um período em que o país enfrenta uma altíssima
inflação que a cada dia corrói o poder de compra dos venezuelanos.
Embora a Venezuela produza rum de altíssima qualidade,
muitos deles inclusive premiados, a cerveja é a bebida alcoólica preferida dos
venezuelanos. Aqui na Venezuela a população consume mais bebida alcoólica que
no Brasil. O consumo per capita de álcool entre os venezuelanos é de 8,9
litros. Já entre os brasileiros, é de 8,7 litros por pessoa, de acordo com a
Organização Mundial da Saúde (OMS).
Antes, em tempos de vacas gordas, o venezuelano preferia o
whisky à cerveja. Depois foi a vez do vinho, cujo preço de uma simples garrafa
subiu a quase o equivalente a um salário mínimo. Se a situação continuar assim,
a alternativa vai ser brindar com água.
Fonte: RFI e http://www.alagoas24horas.com.br/910230/venezuela-pode-ficar-sem-cerveja-em-duas-semanas/
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