Consumidor refinado é público-alvo de cervejarias artesanais
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de cerveja, com 10,3 bilhões de litros por ano e consumo per capita de 57 litros - o que dá meio copo por dia por pessoa. Em um mercado dominado pelas grandes marcas, as microcervejarias também têm encontrado seu lugar para crescer. As mais de 200 plantas de pequenos fabricantes já representam 4,5% do setor. E, dentro delas, um nicho chama atenção: o de cervejarias artesanais. "Elas representam apenas 1% de todo o mercado cervejeiro nacional. Há muito espaço ainda para crescer", afirma Jorge Gitlzler, diretor executivo da Associação Gaúcha de Microcervejarias (AGM).
De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), o Paíssó perde em volume de consumo para a China (35 bilhões de litros por ano), os Estados Unidos (23,6 bilhões de litros por ano) e a Alemanha (10,7 bilhões de litros por ano).
Uma das características da cerveja artesanal é que ela contém mais cevada do que as cervejas industriais. "O malte, ou cevada, é um insumo caro, por isso as indústrias economizam o quanto podem", diz Gitlzler. De fato, isso pesa no bolso: o preço da cerveja artesanal é pelo menos o dobro da convencional. Mas o valor não encarece apenas por causa da maior utilização de cevada: a logística e a estrutura menor também contribuem para a elevação dos preços.
Outra diferença é que enquanto as indústrias trabalham com apenas um estilo de cerveja, a pilsen, as artesanais contam com mais de 80 estilos catalogadas. "É uma cerveja de mais sabor e qualidade", garante o executivo da AGM.
No Brasil, a maior parte das cervejarias é de micro ou pequeno porte e já existem cerca de 200 em todo o território nacional. Há desde as que vendem 200 litros por mês quanto aquelas que comercializam 2 mil litros. "Existe uma predominância no Sul do País, devido às raízes europeias, mas não dá para afirmar que isso configura uma concentração", pondera Gitlzler.
O público que consome esse tipo de cerveja é diferente do que ingere a bebida tradicional. "São consumidores com estabilidade financeira e que já viajaram para o exterior. Conhecem outros lugares em que a cerveja artesanal é consumida com mais frequência", afirma Gitlzler. A venda em supermercado ainda é incipiente, mas já começa a tomar corpo, segundo o executivo.
Há 12 anos no setor, a Amazon Beer, de Belém (PA), é uma cervejaria artesanal que vem crescendo a um patamar de 20% ao ano. Em 2011, a empresa faturou R$ 10 milhões. "Temos feito bons números, mas sabemos que a estabilidade está próxima", afirma o fundador, Arlindo Guimarães.
Além da fabricação de seis estilos de cervejas, a Amazon Beer também conta com um bar cervejeiro na capital do Pará - que vende cerca de 30 mil litros da bebida por mês.
"Acredito que com a cerveja artesanal tem acontecido o mesmo que com o vinho há alguns anos. O público consumidor vem crescendo ano após ano e se tornando mais exigente. Não é todo mundo que se identifica com os cantores populares das propagandas das cervejas industriais", comenta Guimarães.
Desafios do setorPara começar, o investimento inicial em um cervejaria artesanal gira entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões. "Os equipamentos são caros", diz Gitlzler. Além disso, a tributação é alta. No País, tanto as pequenas cervejarias quanto as grandes industrias têm de pagar a mesma quantidade de impostos.
"Cerca de dois terços da produção vão para os impostos. Então, se o empreendedor produz 10 mil litros de cerveja por mês, 6 mil são só para pagar a tributação financeira. Isso dificulta a expansão do setor", afirma o executivo.
A opinião é compartilhada pelo proprietário da Amazon Beer. Segundo Arlindo Guimarães, com a atual tributação dificilmente o Brasil vai chegar ao patamar de países vizinhos como o Chile, em que as cervejarias artesanais representam 9% do mercado cervejeiro.
"Falta competitividade para o mercado nacional de artesanais. São poucas as empresas que fabricam garrafas e o maquinário exigido, por exemplo", aponta Guimarães.
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Especial para o Terra
De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), o Paíssó perde em volume de consumo para a China (35 bilhões de litros por ano), os Estados Unidos (23,6 bilhões de litros por ano) e a Alemanha (10,7 bilhões de litros por ano).
Uma das características da cerveja artesanal é que ela contém mais cevada do que as cervejas industriais. "O malte, ou cevada, é um insumo caro, por isso as indústrias economizam o quanto podem", diz Gitlzler. De fato, isso pesa no bolso: o preço da cerveja artesanal é pelo menos o dobro da convencional. Mas o valor não encarece apenas por causa da maior utilização de cevada: a logística e a estrutura menor também contribuem para a elevação dos preços.
Outra diferença é que enquanto as indústrias trabalham com apenas um estilo de cerveja, a pilsen, as artesanais contam com mais de 80 estilos catalogadas. "É uma cerveja de mais sabor e qualidade", garante o executivo da AGM.
No Brasil, a maior parte das cervejarias é de micro ou pequeno porte e já existem cerca de 200 em todo o território nacional. Há desde as que vendem 200 litros por mês quanto aquelas que comercializam 2 mil litros. "Existe uma predominância no Sul do País, devido às raízes europeias, mas não dá para afirmar que isso configura uma concentração", pondera Gitlzler.
O público que consome esse tipo de cerveja é diferente do que ingere a bebida tradicional. "São consumidores com estabilidade financeira e que já viajaram para o exterior. Conhecem outros lugares em que a cerveja artesanal é consumida com mais frequência", afirma Gitlzler. A venda em supermercado ainda é incipiente, mas já começa a tomar corpo, segundo o executivo.
Há 12 anos no setor, a Amazon Beer, de Belém (PA), é uma cervejaria artesanal que vem crescendo a um patamar de 20% ao ano. Em 2011, a empresa faturou R$ 10 milhões. "Temos feito bons números, mas sabemos que a estabilidade está próxima", afirma o fundador, Arlindo Guimarães.
Além da fabricação de seis estilos de cervejas, a Amazon Beer também conta com um bar cervejeiro na capital do Pará - que vende cerca de 30 mil litros da bebida por mês.
"Acredito que com a cerveja artesanal tem acontecido o mesmo que com o vinho há alguns anos. O público consumidor vem crescendo ano após ano e se tornando mais exigente. Não é todo mundo que se identifica com os cantores populares das propagandas das cervejas industriais", comenta Guimarães.
Desafios do setorPara começar, o investimento inicial em um cervejaria artesanal gira entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões. "Os equipamentos são caros", diz Gitlzler. Além disso, a tributação é alta. No País, tanto as pequenas cervejarias quanto as grandes industrias têm de pagar a mesma quantidade de impostos.
"Cerca de dois terços da produção vão para os impostos. Então, se o empreendedor produz 10 mil litros de cerveja por mês, 6 mil são só para pagar a tributação financeira. Isso dificulta a expansão do setor", afirma o executivo.
A opinião é compartilhada pelo proprietário da Amazon Beer. Segundo Arlindo Guimarães, com a atual tributação dificilmente o Brasil vai chegar ao patamar de países vizinhos como o Chile, em que as cervejarias artesanais representam 9% do mercado cervejeiro.
"Falta competitividade para o mercado nacional de artesanais. São poucas as empresas que fabricam garrafas e o maquinário exigido, por exemplo", aponta Guimarães.
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Especial para o Terra
Foto: Bierbaum/Site Terra
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