Cervejaria da Amazônia vai produzir na Inglaterra para fugir de
'custo Brasil'
A Amazon Beer, que mistura frutas típicas do Norte aos
tradicionais malte e lúpulo, fechou parceria envolvendo uma fabricante inglesa,
a Beer Counter, e uma distribuidora também local, a World Beer, e desde março
deste ano trabalha seu portfólio na Europa.
Atualmente, são vendidos cinco mil litros por mês por lá, um
número que pelas contas de Caio Guimarães, sócio da empresa, tem potencial de
triplicar rapidamente, bastando para isso acertar a mão na distribuição para as
redes de varejo do Reino Unido.
"Acontece que existem dois momentos para introduzir um
produto lá na Inglaterra: no início do verão e no início do inverno. Como a
gente começou a produzir por lá no dia 10 de março, já estava muito em cima de
fechar os contratos para o começo do verão. Mas agora, para o inverno, temos
totais condições de acertar com as varejistas que vão estudar os produtos agora
em dezembro", conta o empresário, que por aqui, no Brasil, deve faturar
30% mais neste ano que os R$ 12 milhões registrados em 2013.
O sonho de alcançar o consumidor internacional é, na
verdade, um projeto antigo da Amazon Beer. Há pelo menos dois anos e meio a
família Guimarães, que comanda o negócio, vem falando do possível interesse de
norte-americanos, asiáticos e europeus por seu produto, que emprega insumos
como o cajá como elemento de diferenciação de sua linha hoje com sete cervejas
artesanais.
"O que acontece é que com os custos dos insumos e os
impostos aqui do Brasil, a gente chega sem condições de competir com o mercado
externo. Nosso produto é pelo menos 40% mais caro feito aqui do lá fora",
explica Caio Guimarães, que hoje em dia vende uma garrafa de cerveja por 1,20
libras na Inglaterra enquanto que, aqui, não consegue por menos de R$ 10.
"É mais caro mesmo convertendo o preço", diz ele (a libra gira em
torno de R$ 4).
Outro inconveniente de se trabalhar com produção exportada
envolve o tempo de viagem estimada, um problema para a cerveja que deve ser
consumida jovem. "Cerveja artesanal não deve viajar. Quanto antes ela for
consumida, melhor", revela.
Uma das muitas marcas de cervejas artesanais que invadiram o
mercado brasileiro, fenômeno que se verifica com mais intensidade há pelo menos
quatro anos, a Amazon Beer foi Criada em maio de 2000 e cresce em média 20% ao
ano.
Atualmente, sua produção é concentrada em uma fábrica em
Belém. No futuro, entretanto, para ampliar sua presença nas gôndolas do varejo,
a marca pretende costurar parcerias parecidas com a concretizada com os
ingleses, em que fornece os ingredientes regionais e, em troca, cobra royalties
do volume comercializado.
"Ainda não temos uma parceria para produção no Brasil
porque as cervejarias locais operam quase todas no limite da capacidade. Mas eu
acho que o mercado cresceu demais e vai passar por uma acomodação, uma espécie
de filtro. Isso vai abrir espaço para parcerias", conta o empresário.
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