Bock com Sabor e História
Por Rodrigo Ferraz*
Durante o inverno, as cervejas mais encorpadas e com teor alcoólico mais acentuado são boas opções de bebidas para harmonização. A do tipo bock é uma das que se destacam dentro desse grupo, mas antes de falar especificamente dela é preciso reconhecer os méritos de quem deu os primeiros passos na introdução de diferentes tipos de cerveja num país caracterizado por consumir somente pilsen.
Muito antes de termos a produção e a importação de cervejas variadas e artesanais, o empresário mineiro Luiz Otávio Possas Gonçalves trouxe, em 1993 (11 anos depois de fundar a Kaiser), a primeira cerveja do tipo bock para o Brasil. Hoje com 69 anos, Luiz Otávio, mais conhecido como Tuca, já criou, além da Kaiser, uma marca de água de coco, uma de cachaça, e recentemente, passou também a produzir insetos para alimentar as aves que mantêm no Vale Verde Alambique e Parque Ecológico, em Betim. Sem dúvida, um empresário visionário, de sucesso e que contribuiu de forma expressiva para o mercado cervejeiro nacional.
Com um teor alcoólico maior e seu forte sabor de malte, a bock é também mais escura e encorpada do que a pilsen. É uma ótima opção de acompanhamento para pratos com carne vermelha, salmão, massas com molhos picantes , além de queijos e doces, provando que a combinação entre o clima frio de julho e uma boa cerveja, além de possível, pode ser bastante interessante.
A bock surgiu na cidade alemã de Einbeck, mas há explicações diferentes para a sua origem. Uma delas diz que, em troca do pagamento de impostos, os cidadãos comuns foram autorizados a produzir a bebida, diferentemente do que ocorria em outras cidades onde só os monges controlavam a produção. A cerveja ganhou fama, começou a ser exportada e, para não prejudicar a sua qualidade durante as viagens, passou a incorporar mais álcool. O nome teria surgido da própria cidade. Einbeck, mas com os sons do dialeto local virou “Oanbock”, logo reduzido para bock.
Outra versão da história diz que a produção começou com os próprios monges, que faziam uma bebida mais forte para suportar os longos períodos de jejum. Como na Europa a época do frio coincide com os meses regidos pelo signo de capricórnio, o bode foi adotado como símbolo da cerveja. Além disso, bock, em alemão, significa “bode”.
Fato é que atualmente esse tipo de cerveja é apreciado e reconhecido mundialmente. Embora o teor alcoólico médio fique entre os 6% e %7, pode chegar até 13% de álcool. Há, ainda, tipos mais claros e com sabores diferenciados. Na Alemanha, principalmente, podem-se encontrar essas variações com mais facilidade.
Então, aproveite o inverno e um brinde à nossa bock!
(*) Rodrigo Ferraz é empresário, proprietário do Haus Muchen, de Belo Horizonte. Esse entende bem de cervejas!
Fonte: Estado de Minas, domingo, 10.07.2011, página 4.
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