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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Gestão de Riscos e de Crises 2020


Gestão de Riscos e Gestão de Crises: como essas práticas podem ajudar as pequenas e médias organizações a maximizar performance, em períodos voláteis

por Henrique Oliveira*

O ano de 2020 iniciou com uma série de dissabores na vida dos mineiros. Entre o Natal e o Ano Novo, lotes de cerveja, da principal microcervejaria do estado, contaminou dezenas de consumidores, causado danos à saúde e fatalidades. O caso se encontra sob investigação pela Polícia Civil e outros agentes regulatórios. Ainda não se sabe as causas do ocorrido. Práticas de sabotagem é uma das hipóteses. Em consequência disto, o setor cervejeiro de Minas Gerais está trabalhando fortemente em sua defesa, esclarecendo dúvidas e acalmando o consumidor. Em 19 de janeiro, um temporal torrencial na Capital mineira chegou a registrar 180 milímetros de acúmulo de águas, em um período de apenas três horas. Os resultados foram diversas ruas alagadas e avenidas interditadas. O comércio em geral, escolas e algumas industrias foram afetados. Casas foram degradadas por desabamentos, gerando mortes, desaparecidos ou ainda desabrigados. A Prefeitura está autuando em obras de contenção de forma urgente, sem licitação, dado tamanha gravidade. Outras regiões de Minas também sofreram com as chuvas. O Governo do Estado de Minas Gerais decretou “Situação de Emergência” em 47 municípios e interviu oferecendo estrutura, incentivos fiscais e recursos financeiros, na ordem de 90 milhões de Reais. No atual cenário, não há condições de executar um plano estratégico de curto prazo, pois o clima não ajuda.

Alguns diriam que esses eventos ocorreram por casualidade; outros não. Independentemente qual for a dedução, torna-se importante, (e muitas vezes imprescindível), pensar fora da caixa ou ainda refletir sobre eventos que, em caso de ocorrência, quais seriam as consequências e como respondê-las de forma controlada, eficaz e eficiente. A não implementação ou a ausência de controle, sobretudo aqueles que miram combater cenários caóticos, ou de alta criticidade, deixa indivíduos confusos e atordoados no momento em que o impacto ocorre. Nesse estado de tontura, a imagem e a reputação da organização e de seus envolvidos ficam vulneráveis e inevitavelmente expostos.

É nesse contexto, pensar em danos e em danosidades, que os gerenciamentos de riscos e de crises devem ser tratados com seriedade de forma a se tornarem um hábito nas organizações que venham atingir níveis de maioridade ou ainda representatividade coletiva relevante. Empresas pequenas, ao se tornarem maduras, devem pensar cada vez mais em desvios de objetivos e em respectivas soluções, firmando-as no papel, como se fosse um manual de instruções a ser constantemente lido, relido, testado e reavaliado.

Segundo a Pesquisa de Maturidade de riscos da KPMG, realizada em 2018, 56% das organizações apresentam um baixo nível de maturidade em relação ao tema; 14% são empresas que faturam até R$ 49 milhões. Se somarmos as empresas que faturam até R$ 99 milhões, o índice atinge o patamar de 20%.  O Global Risk Management Survey Report da Companhia de Seguros Aon, do ano de 2019, aponta que, as frequências de envolvimento e os níveis dos riscos estão se escalonando de forma tão rápida que soluções de gestão de riscos não são ainda mais rápidas o bastante para prevenir ou mitigar perdas. Para quem não está preparado, ambos diagnósticos são preocupantes.

É importante frisar que Gestão de Riscos se trata de um sistema integrado às organizações que reúne uma série de procedimentos que definem como o negócio e suas funções transversais podem reportar riscos que devem ser gerenciados e monitorados, por meio da sua identificação, mensuração e fluxo de comunicação, num processo contínuo, que deve incluir desde o dono do risco até o mais alto escalão hierárquico, ou seja, a Direção Executiva e, quando existente, o Conselho de Administração. Nesse cenário, deve-se haver uma padronização de processos, com terminologia comum, métricas e trocas de experiências e melhores práticas, de forma a encorajar a produção de um reporte de riscos previamente dialogado e interativo entre os donos de riscos e os provedores de controles, visando os duelos entre risco versus tratamento do risco; risco versus objetivos, riscos versus oportunidades; riscos versus estratégia e tomada de decisão. Praticar o exercício contínuo da gestão de riscos, prepara o público relacionado a pensar mais sobre incertezas. Em contrapartida, esse mesmo exercício aumenta o grau de instrução e percepção de como tomar riscos, transformando alguns desses em oportunidades.

Paralelamente, a Gestão de Crises é recorrida, a partir do momento em que o Gerenciamento de Riscos apresenta falhas, ultrapassa o apetite da organização ou ainda atinge níveis de risco acima do tolerável. Gestão de Crises visa salvaguardar a integridade física de pessoas e não em recuperar empresas. É direcionada aos agentes que irão atuar para que eventos não se propaguem ou alcancem níveis ainda mais críticos. É uma forma de evitar que um desastre, (ou uma série desses), se transforme em catástrofe. Neste sentido, atuar em cenários de crise requer preparação de times multidisciplinares formados por agentes internos e externos a organização. Flávio Godinho, Tenente Coronel Adjunto da Defesa Civil de Minas Gerais relata, em palestra ministrada em torno do atendimento às emergências em barragens e simulados à vida que, para obter eficácia das equipes de salvamento, torna-se necessário a formalização de um Plano de Atendimento a Emergências (PAE) em três níveis de riscos e priorização, em formato de quadro esquemático, com fotos e de fácil leitura. Deve-se incluir senso estatístico e contatos de agentes (e de seus back-ups) que farão parte do time de crises, incluindo seus dados pessoais. Equipes de Saúde e Segurança, Meio Ambiente, Diretorias, Corpo de Bombeiros, Hospitais, SAMU, Agências, Defesa Civil e Polícia Militar, são parte inerente deste grupo. Deve-se haver estrutura física, (uma verdadeira “Sala de Guerra”), devidamente equipada com rádios, celulares, sirenes e roupas de combate adequados. Em conjunto, deve-se apresentar um plano de comunicação de crises acessível, rápido e transparente, capaz de orientar o público em geral, além de demonstrar a evolução dos resultados dos planos de contenção e resgate. Adicionalmente, praticar exercícios simulados de evacuação e sobrevivência com o público alvo, sejam estes funcionários e a comunidade como um todo, é fundamental. A prática ajusta a cultura de segurança e aguça o alerta, onde indivíduos aprimoraram o raciocínio, tornando-o em memorização e em seguida em hábito.

Hábito. A busca incansável por bons hábitos. Talvez seja esse o gatilho que está faltando nas organizações, para que estas possam sair da turbulência caótica e concluir seus longos voos de forma mais assertiva e segura. É essencial almejar a implantação efetiva de uma cultura de Gestão de Riscos e de Crises coerente aos desafios da atualidade, independentemente se esta organização pertence ao poder público ou privado. Avançar nestes dois temas é urgente.

À cervejaria mineira, funcionários e vítimas a nossa solidariedade, e que superem este momento tão difícil e desastroso. Às prefeituras de Belo Horizonte e demais municípios de Minas afetados idem.

Os 10 maiores riscos, segundo a pesquisa mundial AON:



Os 3 maiores riscos, no Setor de Alimentos e Bebidas:


quinta-feira, 3 de março de 2016

Brasil Kirin Sustentabilidade


Os caçadores de problemas da Brasil Kirin



Por Aline Scherer (São Paulo)
Há oito anos, a fabricante de bebidas Brasil Kirin — a então Schincariol — decidiu que seria importante aumentar a eficiência de suas 13 fábricas. Nelas, entre outros problemas, desperdiçava-se água, cerca de 30.000 produtos saíam das fábricas com defeitos por ano e dezenas de funcionários eram envolvidos em acidentes.
Entre as diferentes metodologias disponíveis para melhorar essa situação, os executivos da companhia escolheram a técnica japonesa “gestão produtiva total”, conhecida pela sigla TPM, do termo em inglês. Trata-se de um método que torna os funcionários de uma empresa aptos a identificar desperdícios, falhas e oportunidades de melhoria na operação.
Foi com a ajuda desse método que um gerente de qualidade da companhia e operadores da fábrica descobriram por que algumas garrafas de refrigerante chegavam aos consumidores com menos gás, o que gerava reclamações. O grupo levantou hipóteses, fez simulações e resolveu o problema ao colocar uma camada extra de vedação dentro das tampinhas.
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Recentemente, a experiência nas fábricas passou a servir de referência para a resolução de problemas também nos escritórios da companhia. Veja como a metodologia foi implantada e os resultados.

1. Disseminadores

A companhia comunicou aos funcionários das 13 fábricas a adoção da metodologia japonesa de gestão e convocou 10 gerentes de cada fábrica para um treinamento de 15 dias. Eles viraram instrutores e têm de garantir que 40% dos funcionários sejam especialistas na ferramenta.

2. Comitês de área

Cada fábrica tem oito comitês, como o de manutenção preventiva e o de segurança e meio ambiente. Um comitê é formado por 10 pessoas, que se reúnem semanalmente para monitorar o desempenho de indicadores, identificar desvios e falar sobre soluções.

3. Grupos de trabalho

Para tratar de temas mais complexos ou emergenciais das fábricas, comitês com funcionários de diferentes unidades são formados em caráter temporário. Em 2015, por exemplo, um grupo foi criado para lidar com o aumento do preço de energia.

4. Boas práticas

Uma vez que o problema é resolvido e a solução implementada, os detalhes do processo são documentados e alimentam um banco de dados de boas práticas. Os melhores casos vão parar nos murais da empresa e são compartilhados em reuniões e conferências.

Resultados

Entre 2008 a 2015, A empresa registrou economia de 19% de água e 21% de combustível, e a taxa de acidentes diminuiu 80% — o equivalente a 250 ocorrências a menos por ano. As reclamações no serviço de atendimento ao consumidor caíram 99% e a produtividade das fábricas aumentou 17% — o correspondente a uma produção adicional de 12 dias. O foco é sustentabilidade.
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