3° maior produtor mundial de cerveja, Brasil enfrenta dependência na importação de lúpulo
Apesar do crescimento, a indústria cervejeira brasileira
enfrenta um desafio significativo: a dependência do lúpulo importado
Por Henrique Almeida, do Canal Rural
O Brasil alcançou o status de terceiro maior produtor
mundial de cerveja em 2023, de acordo com o anuário da cerveja elaborado pelo
Ministério da Agricultura. Este crescimento se reflete no aumento do número de
cervejarias abertas no país, que atingiu um recorde histórico, representando
uma expansão de quase 7% em relação ao ano anterior.
Cenário positivo para a indústria
Márcio Marcel, presidente executivo do Sindicato Nacional da
Indústria da Cerveja (Sindcerv), comentou os fatores que impulsionam esse
crescimento. “O cenário é positivo. As fábricas estão crescendo e operando quase
na capacidade total. Com o retorno dos eventos e a reabertura dos bares e
restaurantes pós-pandemia, houve um aquecimento na economia. Além disso, a
diversificação dos produtos no mercado e o aumento da renda do brasileiro
contribuíram para essa expansão.”
Dependência de lúpulo importado
Apesar do crescimento, a indústria cervejeira brasileira
enfrenta um desafio significativo: a dependência do lúpulo importado.
Atualmente, 90% do lúpulo usado na produção de cerveja no Brasil é importado.
Márcio Marcel destacou que a luminosidade é um dos fatores que dificultam a
produção de lúpulo no Brasil.
“Temos menos luminosidade do que o lúpulo necessita, mas
isso está sendo resolvido com novas tecnologias.”
Recentemente, uma feira do lúpulo em São Paulo surpreendeu
positivamente os especialistas estrangeiros pela qualidade do lúpulo nacional.
“O caminho está certo, com novos produtores investindo na plantação de lúpulo.
Esperamos um aumento na produção em breve”, afirmou Marcel.
As mudanças climáticas também representam um desafio para a
produção de lúpulo. Eventos climáticos extremos, como altas temperaturas, podem
afetar a qualidade das plantações. “Estamos preparados para evitar que essas
mudanças impactem a qualidade ou a oferta de cerveja. Diversificamos nossas
compras de matérias-primas globalmente para garantir a qualidade constante do
produto.”
Outro desafio significativo enfrentado pela indústria é a
alta carga tributária. Atualmente, 56% do preço de uma cerveja no Brasil é
composto por impostos. “Defendemos uma reforma tributária que mantenha a carga
atual sem aumentá-la, seguindo exemplos internacionais. A tributação deve ser
progressiva, baseada no teor alcoólico das bebidas, para incentivar a inovação
e o consumo responsável”, explicou Marcel.
Com o mercado cervejeiro brasileiro em expansão e
iniciativas para reduzir a dependência de lúpulo importado, o futuro da
indústria parece promissor. “Estamos no caminho certo, investindo em tecnologia
e diversificação para fortalecer ainda mais o setor,” concluiu Márcio.
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