Cerveja
sem álcool à menores. Isso pode?
Por Henrique César Pires de Oliveira*
Me lembro quando estava com minha
família, no verão, em uma barraca de praia no litoral da Bahia e que uma
criança que sentava em uma barraca ao lado reclamava com seus os pais para
tomar um copo de cerveja. Aquela situação nos incomodou muito, porque é notório
que em hipótese nenhuma se serve cervejas a crianças ou à menores de idade.
O pai ao lado, percebendo o
cenário, comentou que a cerveja que seu filho solicitava, se tratava de uma
cerveja sem álcool. Com ou sem álcool, estamos falando de cerveja. Nós, seres do
Século XXI, não precisamos fazer parte das atitudes de séculos atrás, onde a
cerveja era considerada como alimento e que era parte integrante das refeições
das famílias mais necessitadas. (A propósito, os monges tratavam a cerveja com
igual conceito.) Nessa evolução, a agricultura no geral melhorou em termos tecnológicos.
A comida tem se tornado mais acessível, no geral, o que naturalmente dispensa
ou uso de álcool, como a cerveja e o vinho, para matar a fome infantil, o que
ainda seja fonte de substituição alimentar de uma criança ou adolescente. Para
agravar a situação, recentemente, uma reportagem jornalística da CNN destacou
que uma famosa atriz de cinema mencionou em televisão que permitia seus filhos menores
de 10 anos de idade, a tomarem cervejas sem álcool, despertando uma série de
alertas e controvérsias, face à essa publicação.
Consumir cerveja sem álcool por crianças,
é um alto o risco. (No Brasil, a legislação considera não alcoólicas as bebidas
com menos de 0,5% de álcool, o que é semelhante à quantidade presente em alguns
alimentos fermentados.). Apesar desse detalhe técnico, o risco não está
incrustado especificamente no teor. O
principal risco está no fato da criança adaptar seu palato às características
de uma cerveja, sua cor, sabor, aromas, textura, gaseificação e forma de
apresentação. É uma porta de entrada para conversão de um consumo voltado à
cerveja com álcool, em fase muito precoce, causando gatilhos ao consumo
excessivo e, em situações mais graves, gerando dependência. Há ainda outros riscos
associados à perda cognitiva, ao índice de socialização, perda no desenvolvimento
de habilidades e redução no desempenho esportivo e escolar.
Apesar da cerveja estar presente
no universo infantil (pode ser vistos em filmes, desenhos animados, e até em
parques de diversões) a atitude de fornecer cerveja a crianças podem e devem
ser evitados pelos pais, dando aos filhos a oportunidade de conhecer bebidas
mais saudáveis, destinadas ao seu perfil. O fornecimento de bebidas de baixa ou sem
gaseificação, com menores teores de açúcar, com maior taxa de nutrição; o bom uso
de sucos naturais, chás, vitaminas de frutas estão disponíveis para uma boa dieta
infantil e é amplamente recomendado pela classe médica, nutricionista e de saúde.
Nesse
contexto, fica o alerta: cerveja não é um produto destinado a menores ou a
crianças, mesmo se essa não contém álcool. Isso não as pertence à muitos séculos.
Lembre-se que a boa cerveja tem como conceito a celebração, o relaxamento, a
descontração e a promoção social, visando um melhor convívio entre os indivíduos.
Não se trata de uma bebida que se tome como se fosse um copo de água mineral
qualquer, a qualquer hora do dia. Deve ser degustada com moderação e
responsabilidade. Quanto a cerveja sem álcool, essa é uma alternativa
adicional, destinada à adultos que não querem abusar da dose e que talvez tem alguma
restrição quanto a ingestão alcóolica. Aumentar a produção de dessas cervejas é
uma atitude que vem sendo considerada positiva por parte do público consumidor
para com a indústria cervejeira.
Não limitando à cerveja zero álcool, a mesma
indústria vem buscando soluções para atender outros públicos restritos ou mais
exigentes, como os celíacos por exemplo, que demandam cervejas sem glúten ou
ainda os praticantes de esportes, que buscam manter uma dieta mais saudável,
sem abrir mão da sua tradicional cerveja, o que vem permitindo a fabricação de cervejas
com baixo índice de carboidratos, as chamadas “Low Carb”. É um benchmarking a
ser seguido.
A seguir, apresenta-se alguns
países com a idade mínima permitida para consumir bebidas alcoólicas:
Por fim e, naturalmente, fornecer bebidas a
menores e adolescentes em vários países e no Brasil, é crime. Evite o que pode
ser evitado. Cerveja é para os maiores. #consumoresponsavel
Mais informações: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/conheca-os-riscos-da-cerveja-sem-alcool-para-menores/
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/publicacoes/N-ManOrient-Alcoolismo.pdf
Henrique César Pires de Oliveira
é executivo de Governança, Riscos e Compliance