terça-feira, 19 de novembro de 2013

Mercado Russo de Cervejas


Cerveja procura seu espaço no país da vodka



Os gigantes da cerveja viram uma queda de 10% nas vendas internas nos primeiros nove meses deste ano

“Por alguma razão desconhecida, a cerveja estrangeira na Rússia está se tornando rapidamente parecida com a nacional”, diz, em tom de brincadeira, Ígor Arnautov, analista da Investkafe.

Mas tal metamorfose não deve surpreender. Os maiores produtores estrangeiros há muito compraram as principais fábricas de cerveja da Rússia e produzem nessas instalações as marcas estrangeiras mais populares na Rússia. A parcela do mercado das importadas é de apenas 2,5% (cerca de 250 milhões de litros por ano).

Os gigantes da cerveja viram uma queda de 10% nas vendas internas nos primeiros nove meses deste ano. A União dos Cervejeiros Russos prevê que a contração do mercado continue, pelo menos, até o final de 2014.

Isso porque eles planejam deixar de comercializar cerveja em embalagens de plástico com mais de 2,5 litros, comuns na Rússia, assim como cervejas fortes, com mais de 6 graus de teor alcoolico, em garrafas com mais de dois litros, a partir do dia 1° de janeiro de 2014.

Os cervejeiros deram esse passo voluntariamente para mostrar boa vontade com a política de redução do abuso de álcool no país, segundo comunicado da união. De acordo com Arnautov, até o final de 2014 o mercado sofrerá uma redução de 25% a 30%, comparado ao de 2008.

Consolidação

Hoje, a Rússia ocupa o 29º lugar no ranking mundial de consumo de cerveja, segundo dados da união, com um consumo anual de 65 litros por pessoa. Para o diretor do Centro de Pesquisa dos Mercados Regional e Federativo do Álcool, Vadim Drobiz, porém, o número chega a mais de 70 litros.
Em 2007, quando foi registrado o pico de consumo de cerveja na Rússia, o aumento foi de 5,5 vezes em relação a meados da década de 1990. Nesse ano, cada russo consumiu 81 litros.

“Ao entrar no mercado nacional, as marcas estrangeiras o consolidaram e, obtendo direitos ilimitados de acesso à publicidade, conseguiram excelentes resultados. Em 2007, eles já controlavam 92% do mercado”, diz. O primeiro alerta aos fabricantes eufóricos veio da demografia. De 1992 a 1999 a Rússia viu diminuir significativamente sua taxa de natalidade. Como resultado, em 2007, havia quase três vezes menos jovens do que o habitual consumindo cerveja, e as vendas começaram a cair. A crise de 2008-2009 só veio agravar ainda mais a situação.

“Um antidepressivo clássico são as bebidas alcoólicas fortes”, afirma Drobiz. E quando a economia começou a ter problemas, o consumo mundial de bebidas alcoólicas fracas diminuiu em favor de bebidas fortes, inicialmente mais baratas. Como resultado, em 2010 o consumo da cerveja caiu para 72 litros por pessoa ao ano.

Nesse mesmo ano, o governo russo, cansado de essa indústria imensa não contribuir praticamente com nada para o Tesouro, interveio no mercado e aumentou o imposto sobre o consumo. Antes disso, o orçamento recebia apenas 30 bilhões de rublos (cerca de R$ 2,1 bilhões) pelos 10 a 11 bilhões de litros que os russos bebiam anualmente.
O aumento do imposto não influenciou fortemente o volume da produção, que cresceu entre 2011 e 2012. Além disso, o mercado ficou inundado de cerveja ilegal – que, segundo Drobiz, passou a compor mais de 8% do mercado (cerca de 800 milhões de litros).
Por outro lado, pequenas e médias empresas russas passaram a receber apoio do governo, e também novas grandes fábricas continuaram a crescer (por exemplo, a MPK).

Mais quedas
Neste ano, o catalisador da queda nas vendas foi a proibição da venda de cerveja em quiosques (desde 1° de janeiro de 2013). Assim, a cerveja perdeu cerca de 200 mil pontos de venda em todo o país.

De acordo com Andrêi Altúnin, diretor-geral da “Pivnáia Kompania” (do russo, “Companhia Cervejeira”), as grandes empresas reduziram sua produção e vendas, em média, em 20%.  “O Serviço Federal de Regularização do Mercado Alcoólico quer reduzir o consumo de álcool na Rússia em até 50% até 2020. Isso significa que haverá mais restrições nas vendas de cerveja”, diz.


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