terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Cervejarias Antigas

Cervejarias históricas sentem o impacto
Por De Londres

A história da cervejaria de Mortlake vem dos anos 1400, bem antes de Pedro Álvares Cabral aportar em terras abaixo do Equador. Pois a Mortlake Brewery - que oficialmente é chamada de Stag Brewery desde 1959 e hoje é controlada pela multinacional InBev- deve fechar as portas no ano que vem. Se isso realmente ocorrer, será mais uma numa longa lista de cervejarias históricas britânicas a desistir do negócio por causa da queda do consumo de cervejas no país e da diminuição do número de pubs.
Mortlake é um distrito da Grande Londres e a sua cervejaria é a última à beira do rio Tâmisa. Mesmo tendo uma história que remonta ao século XV, a fábrica ganhou maior proeminência apenas na primeira metade do século XIX. Trocou de dono várias vezes e recebeu o nome de Stag somente na segunda metade do século XX, por conta de outra cervejaria que seu proprietário tinha.

Após passar para o controle de um grande grupo cervejeiro britânico que foi vendido para a Heineken, a Mortlake finalmente passou para o controle da Anheuser-Busch Europe, que faz ali a sua tradicional Budweiser. Quando a InBev assumiu a Anheuser-Busch, cogitou fechar logo a operação da Stag, mas adiou seus planos pelo menos até o ano que vem.

Quando isso acontecer, ela entrará para um rol de pelo menos 50 grandes cervejarias britânicas que silenciaram suas máquinas nos últimos 20 anos, segundo a British Beer and Pub Association. Algumas dessas cervejarias fechadas tinham histórias riquíssimas, como a planta da Leeds Brewery, em Leeds (centro-norte da Inglaterra), que fazia a famosa Tetley's - cerveja que remonta a 1822.
"Será realmente uma pena quando a cervejaria em Mortlake parar. Ela tem um grande valor histórico. Durante os séculos XVIII e XIX, havia várias cervejarias na beira do Tâmisa - embora elas não usassem as águas poluídas do rio de então, e sim fontes naturais próximas. Essas plantas começaram a desaparecer há cerca de 30 anos, como resultado da consolidação do setor cervejeiro por todo o mundo", lamenta Roger Protz, autor do guia de cervejas publicado pela Campaign for Real Ale (Camra, organização de defesa dos direitos do consumidor fundada em 1971).

Protz acha que pelo menos deveria ser criado um museu cervejeiro no local da Mortlake, como uma forma de perpetuar a história de um setor tão importante para os britânicos.

Mesmo após ter ganhado uma sobrevida pelo menos até o ano que vem, a cervejaria britânica terá de lidar com uma realidade amarga: a constante queda no consumo de cerveja no país. "É uma questão de hábito. Os britânicos dão muito valor às suas cervejas artesanais, mas o setor como um todo se ressente das escolhas que as novas gerações estão fazendo. Os jovens estão bebendo cada vez mais bebidas de maior teor alcoólico", diz Protz. "Muitas das cervejarias que tinham seus negócios voltados para o mercado dos pubs sentiram o impacto disso."

Há muita gente no Reino Unido, inclusive a Camra que defende que o governo diminua os impostos sobre a cerveja como uma forma de incentivar que as pessoas consumam uma bebida com menor gradação alcoólica, em vez de destilados mais potentes. (RU)

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